Um vigário escrupuloso
Curto mandato como vigário encomendado da Igreja Matriz de Itu teve o padre Antonio Rodrigues Vilares, apenas um ano. Com a morte do padre João Monteiro, assumiu o vicariato em julho de 1755 e deixou Itu em junho seguinte. Padre Vilares foi um jovem excessivamente escrupuloso, que se confessava muito. Tornou-se homem rigoroso demais e, por isso, seu superior não o considerava capaz de assumir a importante função de pároco. Dom Manoel da Ressurreição, bispo de São Paulo, encaminhou à Coroa portuguesa suas impressões acerca do clero local. Sobre padre Vilares assim anotou: “sabe muito bem moral, porém não pode ser pároco pelos achaques contínuos e indiscretos escrúpulos que não pode vencer”.
Havia muitos padres nesse tempo, mas alguns se limitavam à celebração da missa. Não tinham autorização para confessar e aconselhar e nem pregar. Moravam na propriedade de terras da família, vivendo da sua administração.
Para se tornar sacerdote havia um processo de levantamento de informações sobre sua origem (de genere) e costumes (et moribus).
Padre Antonio Rodrigues Vilares, por exemplo, deu início aos autos em 5 de dezembro de 1749. Declarou ter nascido em São Paulo em 1728 e, aos 20 anos, era “menino de coro” na igreja da Sé, ou seja, estava em formação para o sacerdócio, estudando gramática e atuando junto à Irmandade do Rosário na Capela de Santo Antonio.
Precisou provar que sua família não tinha origem judaica. Declarou que seu pai, Luiz Rodrigues Villares era batizado na freguesia de São Mamede Ferreira, no Arcebispado de Braga e sua mãe, Angela Vieira era paulistana. Arrolou também os nomes dos avós paternos e maternos, deixando claro que era “limpo de sangue e tido por cristão velho na cidade, sem fama de humor algum em sua geração.” Se fosse cristão novo (convertido) teria dificuldades para a ordenação!Luís Roberto de
Francisco – Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”