Um substituto do Padre Miguel
Em 1869 o Padre Miguel Corrêa Pacheco, então pároco, solicitou e alcançou do bispo de São Paulo uma licença de dois anos para viajar à Europa e aos Estados Unidos. Segundo seus biógrafos, o motivo era conhecer os progressos da Igreja no Velho Mundo e na América do Norte. Padre Miguel pertencia a uma família abastada, tinha toda a condição de viajar, preparando-se para estar à altura da notável paróquia que ele dirigia e só fez engrandecer.
Ao retornar a Itu, iniciou o grande investimento cultural na igreja matriz. O primeiro foi a cessão dos dividendos de 60 ações da Companhia Ituana de Estrada de Ferro para a constituição de um serviço de música paroquial, desde a formação de instrumentistas e cantores até o incentivo a compositores. Desse movimento, iniciado em 1872, a Igreja Matriz viveu o auge da música sacra em Itu, com Tristão Mariano, Elias Lobo e José Mariano dirigindo o coro paroquial, solistas e grande orquestra.
Enquanto o padre Miguel viajava, seu primeiro substituto na Paróquia de Nossa Senhora Candelária foi o Padre Antonio José Gonçalves. Era filho de Antonio José Gonçalves e Jesuína Maria do Carmo Gonçalves. Só ficou por um ano no paroquiato possivelmente porque foi transferido, nomeado para o cabido diocesano. Tornou-se cônego da catedral, ocupando diversos cargos como o de Chanceler da Câmara Eclesiástica, Tesoureiro da Caixa Pia e Chantre da Sé, ou seja, responsável pelo canto litúrgico.
Ele já atuara no grupo que colaborou na organização do catecismo da diocese de São Paulo, iniciativa de D. Antonio Joaquim de Melo. Isto nos revela não só a erudição do pároco, mas também uma visão de Igreja romanizada, aliada aos ditames do papa. Com esses predicados serviu a nossa Igreja Matriz.
Faleceu em São Paulo a 7 de junho de 1887.
Luís Roberto de Francisco – Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”