Um pároco músico
Seis foram os párocos substitutos do Padre Braz Luís de Pina ao longo de vinte e cinco, justamente quando ele precisava se afastar por motivo de enfermidade. O primeiro deles era ituano, padre João Paulo Xavier. Seu paroquiato foi somente de três meses, mas a sua importância no ambiente local é enorme.
Nascido no ano de 1800, João Paulo era filho de Francisco Xavier da Silva e Anna Pires de Godoy. O menino pobre era sobrinho da esposa do padre Jesuíno do Monte Carmelo. Quando esta faleceu, os pais de João Paulo também já haviam morrido. Por isso ele foi criado pelo tio músico que se tornaria padre na viuvez.
A aproximação com padre Jesuíno propiciou oportunidade para ele estudar música e tornar-se mestre nessa matéria. Convivendo em sua casa, conheceu o grande padre Diogo Feijó e com ele pôde fazer o curso de Filosofia, dedicando-se especialmente a Kant. Na igreja do Patrocínio participou de grandes festividades, organizadas pelos padres Elias e Simão Stock do Monte Carmelo, seus primos, mestres na liturgia e nas celebrações grandiosas.
Com a morte do tio, padre João Paulo continuou atuando em Itu. Foi vereador e juiz de paz, pois professava o liberalismo político; fez parte da comissão que avaliou o primeiro projeto de Constituição do Império, engavetado por D. Pedro I.
Padre João Paulo mantinha um sítio no bairro do Pinheirinho, onde cultivava café, mas vivia na cidade e celebrava a missa diária na capela de Santa Rita, pois era coadjutor na Igreja Matriz. Serviu também de Vigário da Vara.
Destacou-se como mestre de primeiras letras e de Latim. Pouco se sabe da sua atuação musical, apesar das citações esparsas de cronistas. Da mesma forma pouco se registrou de sua passagem como pároco.
Faleceu em maio de 1876.
Merece que sua história seja estudada.
Luís Roberto de Francisco – Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”