Outro pároco indesejado
Em 1822, enquanto a política ituana vivia tempos extraordinários, a Paróquia padecia com a influência nefasta do poder de outras instâncias políticas. Em abril, às vésperas da independência, foi nomeado pároco o Padre José Pina de Vasconcelos, irmão do Padre Antonio que já fora péssimo pastor e se mantinha influente Vigário da Vara.
Natural de Jundiaí, dois anos mais velho que o irmão, José foi batizado a 31 de outubro de 1782. Era filho de Matheus de Pina e Vasconcelos, natural de Paracatu (MG) que ali se casou com Luísa Maria de Lacerda, de gente do Vale do Paraíba. Foi tabelião em Jundiaí e faleceu em 1806. Houve também duas filhas, Maria e Brígida.
Padre José seguiu o irmão padre no desleixo com os documentos. Também não fez qualquer anotação dos batizados, casamentos e óbitos, deixando de cumprir um de seus papéis principais. A comunidade, desta forma, ficou sem registro civil por quase dois anos. Era vigário coadjutor o Padre Tomás Melo Silveira, logo falecido, sem autoridade para tais registros.
A Câmara Municipal ituana vivia o entusiasmo do título de Fidelíssima do Império, concedido por D. Pedro I a 17 de março de 1823; valeu-se desse reconhecimento e influência, para oficiar ao mesmo mandatário da nova nação solicitando um novo pároco. Seu presidente, o vereador Cândido José da Mota, logo em abril, pedia “outro vigário para esta vila, morigerado e que aqueles [os irmãos Pina] jamais venham para esta como párocos, pois nem lhes será útil, nem convém pelos ditos motivos a qualquer outra igreja lhes será proveitosa sem agravame!”
O imperador ouviu a súplica da edilidade ituana. Contando o tempo necessário para a tramitação dos papéis, em fevereiro de 1824 deixaram Itu os dois padres Pina, para não mais voltar. A exoneração foi festejada inclusive pelos membros do clero!
Luís Roberto de Francisco – Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”