O último pároco do tempo colonial
Sombrios tempos de luta pelo poder na paróquia local marcaram as primeiras décadas do século XIX. A força política da capital do Reino, que colocou o reprovável padre Pina à testa da Matriz ituana distanciava-o da elite liberal local. Itu acabara de perder sua maior liderança espiritual, o Padre Jesuíno do Monte Carmelo e precisava de nova referência. Vivia em Itu o padre Diogo Antonio Feijó, outro luminar de espiritualidade e ética. Mas, eleito às Cortes de Lisboa estava de partida para Portugal. Antes disso, foi a figura central na cerimônia de trasladação dos restos do Padre Jesuíno do cemitério do Carmo para a Igreja do Patrocínio, em 02 de junho de 1821. A oração fúnebre que proferiu naquele momento é uma peça oratória que todos os ituanos deveriam conhecer para saber da grandeza do homem que viveu nesta terra.
Itu fervilhava com a possibilidade de independência política e econômica do Brasil, sobretudo os ricos aristocratas, interessados na exportação do açúcar sem os impostos portugueses, mas a Igreja perecia!
Na disputa pela paróquia o padre Pina, Vigário da Vara, queria que assumisse seu irmão padre José, para contrariedade dos ituanos, sem poder junto à Coroa. A indecisão levou a uma solução temporária e caseira. Assumiu a Matriz o venerando coadjutor padre José Joaquim de Araújo. Ele trabalhava em Itu havia muito tempo como um dos coadjutores, afinal paróquia tão extensa precisava de colaboradores em comunidades fora da região central, como em Cabreúva e no Salto. Somente a população urbana de Itu era de 1.200 pessoas.
Padre Araújo ficou à frente da Matriz por quatro meses (dezembro de 1821 a abril de 1822), tentando conter os dissabores e organizar a documentação paroquial. Faleceu dois anos depois, a 31 de março de 1824. À paróquia voltaram os padres Pina!
Luís Roberto de Francisco – Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”