O pároco e a Inquisição
As atividades do pároco setecentista eram múltiplas. Padre Miguel Ferreira, em seu terceiro mandato (1742-1748) foi responsável pela escolha do local de construção da futura igreja matriz de Porto Feliz. Lá também teve a espinhosa missão de servir de comissário do Tribunal do Santo Ofício (Inquisição). O cirurgião português Lucas da Costa Pereira, foi acusado de libertinagem e sodomia com escravos negros (1743). O pároco instalou interrogatório no Convento do Carmo de Itu e o encaminhou a Lisboa.
Outra função era o cumprimento de testamentos de seus fiéis. Vejamos este registro: “Aos nove de Junho de mil e setecentos e trinta e um anos faleceu de doença o Sargento Mor João Falcão de Sousa viúvo com todos os sacramentos: fez testamento em que instituiu por seus testamenteiros ao Capitão João Pais Rodrigues, e Pascoal de Arruda Botelho: deixou por sua alma duzentas e cinquenta missas, das quais manda que se diga a metade no convento de São Luís desta vila pelos religiosos dela aplicando-as a Nossa Senhora da Conceição, a Santo Antônio e ao santo de seu nome São João Batista e as cento e vinte e cinco que tocam ao Reverendo Vigário manda aplicar à morte e paixão de Cristo nosso senhor; deixou mais que se dissesse cinquenta missas por tenção de alguma pessoa a quem ele deva talvez alguma cousa, que se não lembra. Ordena que todos os sacerdotes digam por sua alma missas de corpo presente ordena que seja seu corpo sepultado na igreja do dito convento, frente ao arco da capela dos terceiros, e deixou ao dito convento se dê quarenta mil réis, e ordenou que no dito convento se lhe faça um ofício de nove lições de que fiz este assento no mesmo dia mês, e era atrás declarados. Padre Miguel Dias Ferreira”.
Luís Roberto de Francisco – Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”