Militância na Bienal
por Altair José Estrada Junior
Causou grande furor na imprensa e entre a “intelectualidade” brasileira o recente episódio da apreensão de livros com conteúdo LGBT durante a Bienal do Livro, realizada no Rio de Janeiro no início de setembro.
Uma decisão judicial obtida pela Prefeitura do Rio em Mandado de Segurança de iniciativa do prefeito Marcelo Crivella, determinou a busca e apreensão de todos os livros que tratassem dessa temática para o público infantil e que não estivessem com a embalagem lacrada e com a advertência para o conteúdo. Muito lúcido, o Presidente do Tribunal de Justiça do Estado, desembargador Cláudio de Mello Tavares, justificou a concessão da liminar alegando que, “em se tratando de obra de super-heróis, atrativa ao público infanto-juvenil, que aborda tema de homossexualismo, é mister que os pais sejam devidamente alertados, com a finalidade de acessarem previamente informações a respeito do teor das publicações disponíveis no livre comércio, antes de decidirem se aquele texto se adequa ou não à sua visão de como educar seus filhos”. Além desta, havia ainda outras publicações nesse sentido à disposição das crianças.
Não restam dúvidas de que a medida judicial era fadada ao fracasso, dado ao maquiavélico aparelhamento dos órgãos estatais e entidades de defesa dos direitos humanos, que não tardaram a se levantar contra ela, com base na legislação brasileira, sobretudo a Constituição Federal. Atendendo a pedido da grande “guardiã” das liberdades democráticas, a Procuradora Geral da República Raquel Dodge, o também militante vermelho Ministro Dias Toffoli, presidente da Corte Suprema do país, rapidamente cassou a liminar da justiça fluminense.
Embora eu tenha procurado excluir a Rede Globo de minhas atenções, por acaso assisti a um trecho do noticiário da Globo News do dia 8 de setembro, quando então a bancada de jornalistas sapateava de alegria com a derrubada da ordem, enaltecendo a “vitória da democracia” e da “bienal da diversidade”. Invocavam a seu favor a Constituição e toda legislação protetiva das uniões homoafetivas, da imprensa livre, das liberdades individuais, das tolerâncias, das minorias e toda sorte de nomes usados hoje em dia para impor inescrupulosamente a libertinagem à nação, sem fazer em momento algum qualquer referência ao fato de que a salvaguarda da família e da infância também integra os direitos e garantias fundamentais do brasileiro, presentes em nossa Carta Magna.
O barulho da grande imprensa e dos movimentos comprometidos em impor sua agenda revolucionária ao país, de destruição da família e da sociedade tradicional, infelizmente, sufoca o da grande maioria do povo brasileiro que comprovadamente pensa diferente e que, na maioria das vezes, numa covarde e vergonhosa omissão, mantém-se inerte diante de tantos ataques. À revanche demoníaca orquestrada pelos opositores da apreensão dos livros somou-se a compra e distribuição gratuita, pelo youtuber Felipe Neto, de 14 mil volumes de um dos livros objeto da ação ao público da Bienal: “Foi lindo, foi amor, foi luta por um mundo melhor! No final, chegaram os carros dos agentes da censura de Crivella e 20 homens armados prontos para recolher todos os livros. Só tinha um problema: todos já tinham sido entregues de graça”, disse acintosamente o rapaz cujos vídeos já há tempos representam grande ameaça à infância brasileira.
Não professo a mesma fé do prefeito Crivella. Embora ele se declare cristão, como eu, a aceitação da doutrina cristã para ele é parcial, como a todo protestante, uma vez que exclui dela a Igreja e sua Tradição infalível, também Palavra de Deus. Mas sou obrigado a reconhecer a sua bravura em, mesmo sabendo que jamais conseguiria competir com a militância subversiva hoje impregnada em nossas instituições e ignorando o desgaste político que a atitude lhe traria, não mediu esforços para tentar impedir mais esse atentado à família e à sociedade.