Maria, mãe que intercede
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por Dom Vicente Costa – Bispo Diocesano de Jundiaí

“Bem-aventurada aquela que acreditou” (Lc 1,45a).

Caríssimos leitores e leitoras: hoje gostaria de convidar a todos para uma reflexão a respeito de um grande mistério que envolve a Virgem Maria, que é a sua assunção ao céu, a ser celebrada no próximo domingo. Desde o início das primeiras comunidades cristãs, os discípulos de Jesus sempre dedicaram grande amor e respeito a Maria de Nazaré, chamando-a de Mãe.

Em primeiro lugar é preciso entender que nem tudo o que sabemos sobre Maria consta na Sagrada Escritura. À primeira vista, a Mãe de Jesus parece ter uma presença muito discreta no Novo Testamento. Nós a encontramos nos relatos do nascimento e da infância de Jesus, bem como em alguns momentos da vida pública de Cristo. Foi por intercessão dela que Jesus realizou seu primeiro milagre, transformando água em vinho nas bodas de Caná (cf. Jo 2, 1-11).

Maria está presente também nos acontecimentos da Paixão de Cristo (cf. Jo 19,25-27), bem como em outros importantes momentos dos primeiros passos das comunidades cristãs, quando ela estava reunida com os apóstolos esperando a vinda do Espírito Santo (cf. At 1,14). Sua presença, simples e discreta, realmente, é contínua e verdadeira no início da formação da Igreja.

Porém, só podemos refletir sobre alguns aspectos da vida de Nossa Senhora à luz da Sagrada Tradição da Igreja, o patrimônio vivo e constante da interpretação e da atualização da Palavra Sagrada. Quando Maria cumpriu a sua missão na terra, mais do referir-se à “morte” dela, a Igreja prefere utilizar-se do termo “dormição” de Maria. Pois, uma vez que ela foi concebida sem pecado e assim permaneceu durante toda a sua existência terrena, o seu corpo não poderia experimentar a corrupção, efeito do pecado dos nossos primeiros pais, Adão e Eva (cf. Rm 5,12).

E assim, chegando ao fim de sua missão nesta terra, Maria entrou num estado parecido como o de alguém que dorme, sendo em seguida elevada aos céus em corpo e alma por seu próprio Filho. É esta solenidade que a Igreja celebra e chama de Assunção de Nossa Senhora. A nova Eva, Maria, que nos trouxe o novo Adão, Jesus Cristo, por seu ventre, foi a primeira do gênero humano a receber honra tão excelsa que nós esperamos receber na ressurreição dos mortos.

Esse mistério que envolve a Mãe de Jesus é um dogma, ou seja, uma verdade da fé que deve ser aceita por todos os cristãos. Foi o Papa Pio XII quem o proclamou solenemente em 1º de novembro de 1950, para ser celebrado no dia 15 de agosto e, no caso do Brasil, sempre no domingo seguinte a essa data. É, sem dúvida, uma grande alegria para os discípulos de Jesus honrar assim a sua querida Mãe e também a nossa Mãe.

Recorrendo ao Sagrado Magistério da Igreja, podemos citar dois importantes documentos sobre esta verdade de fé. Em primeiro lugar, a Constituição Apostólica Munificentissimus Deus (01/11/1950), com o qual o Papa Pio XII proclamou o dogma da Assunção. Depois, a Exortação Apostólica Marialis Cultus (02/02/1974), na qual São Paulo VI afirma: “A solenidade de 15 de agosto celebra a gloriosa Assunção de Maria ao céu, festa de seu destino de plenitude e de bem-aventurança, da glorificação de sua alma imaculada e do seu corpo virginal, da sua perfeita configuração com Cristo ressuscitado” (n. 6c).

Saibamos, portanto, contar com o auxílio dessa nossa Mãe que está no Céu, a bendita entre todas as mulheres (cf. Lc 1,42), a escolhida entre todas para ser a Mãe do nosso Salvador e Redentor! Que essa “mulher vestida de sol” (cf. Ap 12,1) nos ajude a vencer as lutas diárias contra o “dragão” do pecado e que ela continue sempre nos levando para mais perto de seu Filho, ela a quem todas as gerações continuarão chamando de bem-aventurada (cf. Lc 1,48).

E a todos abençoo.

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