Pe. Bassano Faini
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A 23 de Dezembro de 1918 falecia na igreja do Bom Jesus, o padre Bassano Faini, aos 54 anos, vítima de sua caridade. Já havia sido superior da comunidade e naquele momento dedicava-se à direção espiritual da Congregação Mariana e à administração do Mensageiro do Coração de Jesus quando grassou a gripe espanhola; conhecido por não guardar tempo para si, espécie de pai dos pobres, viu-se na responsabilidade de socorrer quem precisava.
Naquele momento dramático, coube a Francisco Nardy Filho o elogio fúnebre, registrado n’A Federação; não poupou enobrecer o morto: “Deus est charitas! Ei-lo, o P. Faini, que sem temer o perigo, o contágio da peste se multiplica, não descansa, percorre a cidade em todos os sentidos, ultrapassa seus muros, sai, vai aos bairros em procura dos doentes que necessitam o auxílio, o amparo, o conforto e o consolo da religião; e, ele, esse santo sacerdote, quando os encontra não se contenta somente em ministrar-lhes o conforto espiritual, indaga se têm recursos, se nada lhes falta, e se o pobre sofre as agruras da miséria, ele, do seu próprio bolso o socorre; e, se o pobre está desamparado, se não tem quem dele cuide, ele o sacerdote piedoso, o apóstolo da caridade, transforma-se em enfermeiro cuidadoso e diligente, cuidando-lhe do leito, preparando-lhe o caldo, e só se aparta dele quando o deixa no amparo, ao cuidado da alma caridosa que vem ao seu encontro para auxiliá-lo.”
Bassano Faini nasceu a 16 de outubro de 1864 na região de Milão, na Itália. Depois de ordenado sacerdote em uma congregação religiosa, atuou como missionário na China. Mas o grupo foi extinto e ele migrou para a Companhia de Jesus a 24 de março de 1902. Inicialmente trabalhou no Colégio de Nossa Senhora da Strada, em Roma. Desejava voltar ao extremo Oriente, porém, destinado ao Brasil, viveu quatro anos em Campanha (MG) colaborando na formação de novos jesuítas.
Depois de lecionar por dois anos no Colégio Anchieta, em Nova Friburgo e fazer-se de capelão na Igreja de Santo Antonio, chegou a Itu em 1908, para dirigir a revista do Apostolado da Oração, fundada pelo padre Taddei e atender os alunos do Colégio São Luís como seu confessor. Faini viveu em Itu por dez anos e data desse momento a nova fachada do Bom Jesus, que ilustra esta matéria.
Em seus últimos dias, ele descuidou da saúde, não trocou uma roupa molhada da chuva entre um atendimento e outro e acabou vítima da gripe; a pneumonia veio forte.
A comoção pela sua morte foi enorme. Dois artigos neste jornal revelam a gratidão do povo ituano. Como escreveu Nardy: “Quem o visse passar apressado aí pelas ruas, olhos ao chão alheio ao bulício que o rodeava se não o conhecesse, não poderia avaliar o imenso tesouro de caridade, as mais belas e peregrinas virtudes que se ocultavam sob aquela santa roupeta de jesuíta tão humilde e modesto ele era.”