Estender as mãos aos doentes
por Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
Em sua mensagem ao Dia Mundial dos Doentes, Papa Francisco nos convida a refletir sobre nosso papel, como cristão, diante de quem sofre a enfermidade.
Neste ano, o tema escolhido pela Igreja para a data resume o nosso desafio: “Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso. (Lc 6, 36). Colocar-se ao lado de quem sofre num caminho de caridade”.
Todo cristão deve estar ao lado de quem sofre, porque o caminho da cura depende da misericórdia. “Assim como o corpo sem espírito está morto, também a fé sem obras está morta.” (Tiago 2,26). Eis o motivo de nossa obra.
O Papa Francisco, em sua mensagem, nos guia para resgatar os doentes de seu sofrimento. Uma reflexão tão necessária diante dos dias difíceis que desafiam a humanidade.
Como disse em certo momento, devemos entender que “o doente tem um rosto, um nome e uma família que espera ansiosamente pelo seu retorno”. Nosso remédio está na empatia e na misericórdia pelo outro, por quem sofre, por quem luta pela cura. O Santo Padre diz que o sofrimento é individual, mas a superação da doença depende da misericórdia — misericórdia de médicos e enfermeiros, profissionais da saúde, gestores, voluntários das pastorais, cristãos que não se curvam à dificuldade.
É como observa o Papa Francisco: “A propósito, como não recordar os numerosos enfermos que, durante este tempo de pandemia, viveram a última parte da sua existência na solidão duma Unidade de Terapia Intensiva, certamente cuidados por generosos profissionais de saúde, mas longe dos afetos mais queridos e das pessoas mais importantes da sua vida terrena? Daqui vemos a importância de se ter ao lado testemunhas da caridade de Deus, que a exemplo de Jesus, misericórdia do Pai, derramem sobre as feridas dos enfermos o óleo da consolação e o vinho da esperança”.
Aprendemos todos com essas palavras e deixemos que alcancem nossos corações, transformando sentimentos em atos persistentes. De uma vida feliz depende a saúde plena e reestabelecida. A enfermidade é uma experiência dolorosa. A solidão na doença entristece, adoecendo ainda mais. Por isso, o caminho da cura deve ser outro.
Visitar um doente em seu leito leva conforto, como bem sabem os irmãos e irmãs ativos em pastorais da Saúde mundo afora. A misericórdia é o verdadeiro poder que Cristo nos dedica em nossa missão.
Nesse contexto, a mensagem do Papa Francisco nos alerta para que não se normalize a dor do doente. Ninguém nasce para sofrer. Ninguém nasce para agonizar solidão da enfermidade. Todos nós nascemos movidos pela fé, que caminha em direção a uma vida plena e feliz. Não podemos permitir a exclusão dos doentes. Como diz Pedro em Atos 3,6: “Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho eu lhe dou.”
Como benfeitores, samaritanos de nosso destino, possamos reproduzir em todos os dias momentos guiados pela mensagem de Papa Francisco para este 11 de fevereiro, Dia Mundial do Doente. Uma data lembrada há 30 anos, que nasceu do coração misericordioso de São João Paulo II.
Que Jesus interceda por todos os enfermos, nos encorajando a crer que a dor do outro é a nossa dor. E que nossa proximidade ajude a confortar os irmãos e irmãs doentes no caminho da cura, por intercessão de Nossa Senhora de Lourdes.