Professor Cláudio Pascale

por Prof. Luís Roberto de Francisco
Há virtudes que fazem a diferença quando percebemos a vida além da rotina: marcas de personalidade ou frutos do crescimento interior, causam admiração. Dentre eles, poderia citar o investimento nas pessoas, capaz de transformar o mundo em um lugar melhor.
Por mais de vinte anos tive o prazer da convivência diária com o educador, Prof. Cláudio Pascale, diretor do Colégio Almeida Júnior, o homem bom que não passava despercebido em ambiente algum, muito menos na “sua escola”, cuja equipe guardou a marca do seu caráter agregador. Pascale nos deixou no dia 22 de outubro, aos 78 anos de uma vida para os outros. Não tinha projeto pessoal, não gastava tempo falando de si, era um empreendedor na melhor acepção da palavra: nada a ver com que o termo se tornou quando classifica o sujeito disposto à roda de negócios que enriquece poucos e empobrece a sociedade. Pascale empreendeu na educação de qualidade, abrindo mão de lucros pela valorização de professores em espaços diferenciados e tecnologia para formar outras gerações. Esse conceito de formar muito além de informar era o mote que o colocava na linha de frente das iniciativas. Emocionava-se com facilidade ao perceber o crescimento dos jovens, resultado da mediação que ele estava proporcionando.
Pascale foi professor universitário e educador dos pequenos, vivia entre ambientes distintos de formação, sempre pronto a valorizar novidades, provocar olhares diferenciados, porque entendia que a educação é um processo dialógico, social, experiencial, além da carteira escolar, da lousa e dos livros. A sombra da velha mangueira, que nos acolhe diariamente no colégio, é um lugar icônico que serve à reflexão, à conversa difícil, ao conselho franco. É o primeiro passo para sair da sala de aula, ganhar o mundo com a coragem que precisamos na vida adulta. Nosso diretor incentivava a conexão com o estudo do meio, com o olhar artístico, poético, dando liberdade suficiente para a escola jamais ter uma fanfarra, mas sempre uma banda de pais e alunos; para ninguém marchar, mas para dançar; para não ouvir somente, mas saber argumentar, apresentar, dizer o que pensa com o carinho e a responsabilidade que cabem em cada palavra!
O Prof. Pascale era o diretor que aguardava as crianças na porta da escola, cumprimentava os pais, acolhia, abraçava, sabia o nome de todos e garantia que faríamos o melhor. Inspirava e oferecia segurança. Estou certo de que ninguém capaz de enxergar tudo isso saiu indiferente nestes tantos anos em que ele esteve à frente da educação, fazendo a diferença em Itu!
Lembro-me quando o conheci, no primeiro Festival de Artes: ele cedeu o colégio integralmente à Fundação Eleazar de Carvalho, para formar novos músicos. Alguns anos depois, foi a minha vez de organizar esse evento cultural e novamente ele abriu as portas, nada pedindo em troca, feliz ao saber que estava fazendo o papel de cidadão, de educador, promovendo aquele ambiente que só quem dá à escola um nome de artista é capaz de dimensionar.
O legado é grande e continua pelas mãos da sua família.


