Nos 73 anos da CNBB, bispos destacam sinais e iniciativas que testemunham a esperança e promovem a vida

“73 anos da CNBB: Testemunha da Esperança e promotora da vida”. Foi essa a motivação escolhida para animar o aniversário da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) neste ano de 2025, ano jubilar na Igreja Católica.
E para fazer memória dessa história de esperança e promoção da vida, membros da Presidência e um bispo emérito foram convidados a compartilhar fatos ou iniciativas que retratem esses dois aspectos na história da Conferência Episcopal. As Campanhas da Fraternidade, as Diretrizes da Ação Evangelizadora e o trabalho das Pastorais Sociais ganharam destaque nas recordações dos bispos.
A história da CNBB está profundamente ligada à dinamização da ação da Igreja em âmbito universal no último século, com dedicado esforço para a recepção do Concílio Vaticano II. Dom Hélder Câmara, em 1977, lembrou do serviço conjunto de comunhão e colegialidade de movimentos de leigos e dos próprios bispos.
“O Espírito de Deus queria conduzir-nos à vivência da Colegialidade Episcopal e da Co-responsabilidade de todo o Povo de Deus.
O Espírito de Deus, mantendo unida em torno de Cristo e de Pedro a Madre Igreja, santa e pecadora, queria conduzir-nos à vivência correta da Igreja local, em união com a Igreja de Cristo no mundo inteiro, em íntima sintonia com o Santo Padre, e a serviço dos homens, nossos irmãos.”
Testemunha da Esperança e promotora da vida
Para o arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da CNBB, cardeal Jaime Spengler, o testemunho da esperança e a promoção da vida na história e na missão da conferência significam “o empenho de buscar responder aos desafios dos sinais dos tempos, atendendo ao que o Evangelho pede dos discípulos e discípulas de Jesus Cristo”.
Dom João Justino, arcebispo de Goiânia (GO) e primeiro vice-presidente da CNBB, diz encontrar o compromisso de dar testemunho de esperança e de promover a vida nas suas origens da instituição. “Creio que a perspectiva do testemunho da esperança está lá no nascedouro da Conferência e depois na participação dos bispos brasileiros no Concílio Ecumênico Vaticano II, lembrando a resposta do episcopado na elaboração do plano de emergência e depois do primeiro plano de pastoral de conjunto, definindo as linhas da ação evangelizadora, depois as dimensões e assim prosseguindo nessa história que culminou com o projeto das Diretrizes da Ação Evangelizadora.
Dom João Justino ainda destacou que, no conjunto da organização e do planejamento pastoral, “sempre se partiu da evangelização, do anúncio do Evangelho de fato, e dos desdobramentos para o interno da Igreja e para a relação da igreja com a sociedade”.
O bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers, também considera que a CNBB sempre foi testemunha de esperança e promotora da vida desde o seu início.
“Em 1952, ela já nasce inspirada na própria organização da Ação Católica do país, que era a inserção dos leigos em todas as dimensões sociais e eclesiais, e com uma participação efetiva de protagonismo. Então os bispos, ao se organizarem também como conferência, tomam como proposta essa ação que visa estar presente na vida eclesial e na vida social, na vida cotidiana das pessoas”.
Ele sublinha a presença da Conferência Episcopal bem próxima da vida das pessoas.
“A CNBB sempre esteve perto das pessoas, sempre esteve do lado dos dramas reais dos brasileiros, sempre esteve do lado das conquistas dos brasileiros. Ela é sim a expressão do episcopado, do colegiado, da unidade e da fraternidade entre os bispos, mas ela também é a presença cotidiana da Igreja no dia-a-dia do país, de tudo aquilo que o país já conquistou até agora, eu posso dizer, sem dúvida nenhuma, que a CNBB testemunha sua presença contínua, permanente e perseverante naquilo que é o bem comum”.
Quanto à promoção da vida, dom Ricardo também recorda a presença no cotidiano do país, pois, estando inserida nos reais dramas, nos reais problemas, nos reais desafios de todos os brasileiros, “conhece a vida como ela é, e procura então ser essa voz profética de anúncio do Evangelho, mas também de denúncia de tudo o que fere a dignidade humana”.
“Então, desde o seu início a CNBB é uma testemunha de esperança porque acredita que, pela luz do Evangelho, pode levar paz e, acima de tudo, confiança nos corações, e é promotora da vida porque conhece os reais dramas da humanidade, está sempre disposta a lutar do lado do mais frágil, dos pobres, dos mais vulneráveis”.
Campanha da Fraternidade é sinal do testemunho da esperança
A tradição das Campanha da Fraternidade é uma iniciativa que testemunha a esperança! Juntos, atentos ao princípio da comunhão, empenhados num processo contínuo de conversão, podemos colaborar na construção de uma sociedade marcada pelos valores da justiça, empenhada em promover o bem comum e colaborando na construção da paz.
Promoção da Vida: “As inúmeras pastorais sociais têm como missão primordial cuidar e promover vida, e vida em abundância para todos, especialmente os mais pobres. Iluminadas Evangelho, atentas às necessidades primordiais da população, enraizadas na Doutrina Social da Igreja e cultivando o espírito de oração e devoção, as pastorais sociais se empenham por testemunhar o que a fé inspira, pois “não se podem separar o culto a Deus da atenção aos pobres” (Papa Leão XIV)”
Dom Justino
Uma iniciativa da conferência que se destaca como testemunha de esperança e promotora da vida, sem dúvida, é a Campanha da Fraternidade, que há décadas vem animando um número incontável de comunidades em todas as dioceses do Brasil, com o apoio dos bispos que, na frente das igrejas locais, animam os leigos e leigas, animam os agentes de pastoral, o clero, a vida consagrada, para traduzir o espírito quaresmal, com o apelo à conversão, em gestos bem concretos, em sintonia com os apelos da realidade brasileira. Junto disso, é necessário e é um dever recordar a criação do Fundo Nacional de Solidariedade., que tem feito um bem enorme às comunidades carentes do Brasil, quando apoia projetos, centenas de projetos de promoção da vida, de testemunho de esperança em muitos lugares do nosso Brasil. É um belo testemunho de comunhão, de solidariedade e de sinodalidade.
Dom João Justino de Medeiros Silva
Em relação a algum destaque, posso dizer que, sem dúvida nenhuma, é a Campanha da Fraternidade que a Conferência conduz há mais de 60 anos e tem uma beleza, um compromisso e uma eficácia tão grande que repercute no país inteiro. O Fundo Nacional de Solidariedade é tão original – somos a única Conferência que consegue motivar, organizar, administrar e dar os resultados, tudo a partir da nossa organização. A Conferência consegue ser transparente e conseguimos mensurar o quanto é eficaz esse compromisso de cada cristão ao colaborar com o FNS e também se comprometer com um Brasil melhor, dando oportunidades, dando novas chances e, acima de tudo, motivando que as pessoas – lá nas suas comunidades – se sintam apoiadas, sustentadas e fortalecidas pela ajuda generosa de cada coração, de cada cristão, de cada um que colabora com o Fundo Nacional de Solidariedade e apoia a Campanha da Fraternidade. Esse é o grande testemunho que, sem dúvida nenhuma, se destaca dentro da nossa Conferência.
Experiência eclesial de comunhão
Dom Armando Bucciol, bispo emérito da diocese de Livramento de Nossa Senhora (BA) e a serviço da CNBB no Colégio Pio Brasileiro, recordou que está há quase 20 anos participando da vida da Conferência. E para ele, tem sido uma experiência eclesial de intensa comunhão.
Ele partilha sobre essa experiência com bispos de tantos países, de um Brasil continental; bispos que vivem situações eclesiais e sociais tão diferentes mas unidos pela fé, pelo amor ao Senhor e à Igreja.
“Este é um sinal de grande serviço ao povo, um testemunho de grande valor. E um serviço para sustentar a esperança do povo fundamentada na morte e ressurreição do Senhor Jesus. E essa vitória de Cristo sobre a morte, e às tantas mortes que ameaçam a vida, cumpre-se a missão dos bispos como promotores de vida.
O Concílio Vaticano II fala da Igreja como sinal e instrumento de comunhão, servidora da esperança e da vida. A CNBB vive nessa fidelidade. Eu, com certeza, humilde servidor da Igreja no sertão baiano, posso testemunhar.”