Colégio Bom Conselho de Taubaté (1)
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Meu benévolo ouvinte! No último sábado, levados pelas asas do tempo e da saudade, estivemos, em pensamento, na linda Piracicaba, revivendo a fundação, há sessenta e quatro anos, do majestoso colégio fundado por Madre Teodora. Hoje, caminharemos novamente, no mesmo veículo, para assistir o início de um novo núcleo educacional em nosso Estado, desta vez, em Taubaté, a “Taubaté das Cinco Chagas.”
Fruto de sonho febrilmente acalantado por um visionário, como diriam muitos ao vê-lo planejar o grande colégio, torna-se um dia realidade o Bom Conselho.
O sonhador é o Vigário da cidade, Padre José Pereira da Silva Barros. Pároco, segundo o coração de Deus, sabe perfeitamente que a realização do grande ideal é tarefa difícil mas não impossível.
Vive Taubaté as últimas horas de pregação de Missões por um padre capuchinho. Este, conhecedor dos anseios do bondoso vigário, aproveita o entusiasmo e a concorrência de fiéis ao templo, para explorar o assunto. Lança o primeiro apelo: “Sei do vosso desejo de ter um colégio mantido por Irmãs de São José. O vosso pároco já reservou o lugar para tal fundação. O Padre Pereira, contudo, espera vosso concurso, oferecendo-lhe operários para começarem os trabalhos. Domingo próximo, depois da missa solene, ele espera pelas pessoas de boa vontade.”
Não foi preciso mais para movimentar o povo. A uma só voz, vem a resposta palpitante: “É melhor começar já.” E. em poucas horas, um cidade toda se abala em direção ao sítio escolhido, e lá, de enxada em punho, troncos encurvados, homens, mulheres, crianças, velhos, formam a sinfonia maravilhosa do trabalho, preparando e limpando o terreno, onde, um dia, novo sacrário abrigaria o Companheiro de todas as horas.
Eis pronto o local do futuro edifício; eis um povo integrado em sua vocação católica, no regozijo mais puro pela messe de benefícios que, em breve, irá receber. Feliz, o virtuoso sacerdote acolhe com expansões de júbilo, o oferecimento que lhe fazem os paroquianos. Uns lhe fornecem a madeira, outros cedem seus empregados, alguns ofertam donativos generosos, e todos, segundo suas possibilidades, procuram dar sua pá de cal para o novo educandário. O coração humano, porém, é inconstante e facilmente abandona até mesmo as resoluções mais sinceras. Além disso, o inimigo, que vigilante, anda à espreita, encontra meios de se introduzir nas obras do bem. Padre Pereira conhecerá a inquietude do amanhã e a angústia de compromissos aos quais não poderá fazer frente. Deus parece tê-lo abandonado, mas, no meio de toda incerteza, triunfa sua fé sobrenatural, e as obras têm andamento.
Resta a consulta a Madre Teodora. Esta acede prontamente. Inteira-se da situação privilegiada do prédio, e imediatamente escreva à Rvda. Madre Geral, pedindo reforços. Que venham novas Irmãs, pois Taubaté assemelha-se a Itu pela tranquilidade, pelo clima, e com a vantagem de possuir, há muito tempo, um bom pároco, e por conseguinte, mais fé e mais respeito pela religião. Em Taubaté, como no Patrocínio, as Irmãs estarão numa extremidade da cidade, de modo que poderão passear livremente pelos campos dos arredores. Encontrarão, por certo, como em outros lugares, cruzes e sofrimentos; mas, ao menos, segundo as aparências, a localização é das melhores para viver em paz, observar a Regra e fazer suavemente um grande bem.

17 de agosto de 1957

Maria Cecília Bispo Brunetti
Acervo – Museu
da Música – Itu