Jesus subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai Todo-poderoso
por Pe. Daniel Bevilacqua Santos Romano
Vigário na Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrat – Salto/SP
Neste artigo professamos a liturgia celebrada pela Igreja a poucos dias: a solenidade da Ascensão.
Para compreender bem este artigo, precisamos ter presente dois termos teológicos, o chamado “Graça Capital”, ou seja na graça Capitis (cabeça) Cristo é a cabeça e nós os membros. Onde está a cabeça, aí estão os membros. Citamos também o “Espaço aberto em Deus”, numa imagem ilustrativa falarmos deste espaço aberto como se Deus, ao criar o homem, retira um pedaço de si com isso aquele pedaço permanece aberto nos esperando para retornarmos a ele. Razão esta ao dizermos sobre alguém que morreu “ele voltou para Deus”.
Com esses dois conceitos teológicos, vamos à primeira leitura da solenidade da Ascensão do Senhor: “Depois de dizer isto, Jesus foi levado ao céu, à vista deles. Uma nuvem o encobriu, de forma que seus olhos não mais podiam vê-lo.” (At 1,9).
Jesus, quando sobe aos céus, ele não sobe apenas com sua natureza divina mas também com a sua natureza humana, pois não existe a possibilidade de separá-las dele. Com isso, celebrar este artigo do Creio é compreender que a nossa natureza humana foi elevada à dignidade e a uma participação na vida de Deus. Cristo como nossa cabeça, nos leva junto para o convívio da Santíssima Trindade, para o Espaço aberto em Deus.
Isto tudo é um mistério; na leitura dos Atos dos Apóstolos citada acima não nos diz o que houve com Jesus depois que a nuvem o encobriu. Mas entendemos a imagem da nuvem como o símbolo da manifestação e presença de Deus Pai, pois todas as vezes que Ele se manifesta ao seu povo esta imagem aparece, como por exemplo: o povo caminhando pelo deserto era conduzido por uma nuvem durante o dia, quando Deus entrega as tábuas da lei também fala da nuvem e podemos lembrar da transfiguração quando ouvimos da nuvem a voz que dizia aos discípulos.
São acontecimentos que nos confirma a unidade do Pai com o Filho e da qual somos convidados a participar. Por este artigo celebramos a entrada da humanidade na vida eterna.
E o que significa dizer que Jesus está à direita do Pai? O catecismo nos responde:
“Por direita do Pai entendemos a glória e a honra da divindade, onde aquele que existia como Filho de Deus antes de todos os séculos como Deus e consubstancial ao Pai se sentou corporalmente depois de encarnar-se e de sua carne ser glorificada.
O sentar-se à direita do Pai significa a inauguração do Reino do Messias, realização da visão do profeta Daniel no tocante ao Filho do Homem: ‘A Ele foram outorgados o império, a honra e o reino, e todos os povos, nações e línguas o serviram. Seu império é um império eterno que jamais passará, e seu reino jamais será destruído’ (Dn 7,14).
A partir desse momento, os apóstolos se tornaram as testemunhas do Reino que não terá fim.” (CC 663 e 664).
Como sugestão para aprofundarmos este artigo, poderemos voltar às leituras da solenidade da Ascensão: At 1, 1-11; Ef 1,17-23; Ef 4,1-13 e Mc 16,15-20.