30º Domingo do Tempo Comum
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Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj
 
1ª Leitura (Êxodo 22,20-26)
Antigamente não havia embaixadas para proteger os próprios cidadãos que residiam no exterior. Os que, por causa de guerra ou de alguma calamidade natural ou por motivos de trabalho, eram obrigados a abandonar a própria terra, o próprio povo e o próprio grupo familiar estavam sujeitos a toda espécie de injustiça.
Os israelitas sentiam-se intimamente solidários com os estrangeiros porque, ao longo dos séculos, passaram repetidamente pela dramática experiência do exílio. 
A recomendação com a qual tem início a leitura: “não perturbarás o forasteiro, nem o oprimirá” conserva plenamente a sua atualidade. A leitura continua com o conselho de não maltratar a viúva e o órfão (vers.21-23). Trata-se novamente de pessoas desprotegidas: a mulher sem o marido, os filhos sem os pais, facilmente se tornam vítimas de abusos.
Em defesa deles levanta-se o próprio Deus, “Pai dos órfãos e defensor das viúvas” (salmo 68,6), aquele que “protege o estrangeiro, sustenta o órfão e a viúva (salmo 146,9).
Esta leitura contém uma mensagem muito atual para nós. Não há por acaso quem às vezes aproveita-se das pessoas mais fracas, dos mais pobres, dos menos protegidos, dos que não têm instrução, dos que estão na miséria, para roubar, enganar e enriquecer-se? Não há pessoas que fazem especulação até com os gêneros indispensáveis à sobrevivência, como remédios e leite para as crianças?
 
2ª Leitura (I Tessalonicenses 1,5c-10)
Nestes poucos versículos há pelo menos dois ensinamentos importantes para nós, hoje.
1 – O primeiro é sobre os laços, os contatos e o conhecimento recíproco entre as várias comunidades cristãs. É indispensável que estas façam intercâmbio de suas experiências, analisem-se reciprocamente, discutam seus problemas, animem-se mutuamente para permanecerem fiéis a Cristo.  
Como vivem as nossas comunidades de hoje? São abertas ou então cada uma pensa e preocupa-se somente com seus problemas? Ajudam-se mutuamente ou cada uma vive por sua conta? Interessam-se por aquilo que acontece com a Igreja como um todo?
2 – O segundo ensinamento refere-se aos meios usados na divulgação do Evangelho. Pelo que aparece na leitura de hoje, em poucos anos (exatamente 21), o Evangelho tinha-se difundido em todo o Império Romano. Como foi possível que tivessem surgido tantas comunidades? Este florescimento da vida cristã aconteceu porque todos os discípulos tinham-se empenhado em comunicar aos outros a própria fé no Cristo ressuscitado.
A fé é uma verdade para ser demonstrada, ou um produto para ser vendido? Quando se confia na força do dinheiro e nos apoios políticos, a mensagem de Cristo logo perde a pureza e a eficácia. Quem sentiu-se inundar de alegria, quem viu sua vida florescer desde que descobriu o Evangelho, sente a necessidade irresistível de comunicar a todos a sua experiência. É desse testemunho que nasce, em quem escuta, a necessidade de aproximar-se de Cristo e de responder “sim” ao chamado de Deus.