Do Sínodo uma carta para todo o povo de Deus para continuar o caminho sinodal
A XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, no final de seus trabalhos, redigirá uma carta-mensagem para todo o povo de Deus: foi o que disse Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para a Comunicação e presidente da Comissão para a Informação, no briefing da tarde desta quarta-feira (18) na Sala de Imprensa da Santa Sé, especificando que a Comissão para o documento de síntese pensou em um texto para contar a todos, “ao maior número possível de pessoas, e sobretudo àquelas que ainda não foram alcançadas ou envolvidas no processo sinodal”, sobre a experiência vivida pelos membros do Sínodo. Ruffini explicou que a secretaria do Sínodo, de acordo com o Papa, submeteu a proposta à votação da assembleia, que a aprovou por uma grande maioria (dos 346 votantes, 335 foram a favor e 11 contra). Participaram do briefing o cardeal Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, dom Zbigņev Stankevičs, arcebispo de Riga, secretário-geral da Conferência Episcopal da Letônia, dom Pablo Virgilio David, bispo de Kalookan e presidente da Conferência Episcopal das Filipinas, e Wyatt Olivas, estadunidense, o mais jovem participante do Sínodo. Com dezenove anos de idade, Wyatt é estudante da Universidade de Wyoming, em Laramie, participou como missionário do programa juvenil católico Totus Tuus e é catequista em sua diocese natal, Cheyenne. Ele expressou aos vários representantes da mídia seu entusiasmo com sua experiência no Sínodo.
O documento de síntese
Com relação ao documento de síntese, o prefeito do Dicastério para a Comunicação informou ainda que, após a Congregação Geral da manhã desta quarta-feira, a 12ª – que iniciou a discussão do quarto módulo do Instrumentum laboris, B3, sobre o tema “Participação, tarefas de responsabilidade e autoridade. Quais processos, estruturas e instituições em uma Igreja sinodal missionária?” -, o cardeal Jean-Claude Hollerich, relator geral, anunciou que a Comissão responsável decidiu que o texto será relativamente curto e estará a serviço de um processo que continua. Será um texto transitório, com base na experiência da assembleia, que conterá os pontos em que há consenso e aqueles em que há falta de acordo, bem como questões em aberto que precisarão ser estudadas em profundidade do ponto de vista canônico, teológico e pastoral, para serem verificadas em conjunto com o povo de Deus. Terá um estilo simples, não será um documento final, nem será o Instrumentum laboris da próxima assembleia, esclareceu o cardeal, servirá apenas para acompanhar as fases sucessivas do Sínodo sobre a sinodalidade.
Oração pelos migrantes com o Papa na Praça de São Pedro
Aos jornalistas, a secretária da Comissão para a Informação, Sheila Pires, informou que os trabalhos da manhã desta quarta-feira foram abertos com a recordação de dom Robert Patrick Camilleri Azzopardi, bispo de Comayagua e presidente da Conferência Episcopal Hondurenha, que faleceu na terça-feira, e que esta quinta-feira à tarde, no final da sessão vespertina, os participantes do Sínodo foram convidados a se reunir na Praça São Pedro para um momento de oração pelos migrantes e refugiados – que será transmitido ao vivo – do qual o Papa também participará. E na manhã desta quarta-feira, na Sala Paulo VI, onde está se realizando a XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, Luca Casarini, um convidado especial, relatou o resgate no Mar Mediterrâneo de 116 migrantes provenientes de vários países africanos, em dois barcos.
Sinodalidade na Amazônia
O cardeal Leonardo Steiner falou sobre a longa experiência de sinodalidade na Igreja da Amazônia, que sempre procurou envolver todos os ministérios e todas as vocações na evangelização, nos debates. O purpurado destacou que nas assembleias diocesanas e nas assembleias mais amplas de toda a região participam leigos e leigas, e que nos últimos encontros sempre houve um representante ou uma representante indígena. “Cada vez mais buscamos essa presença para poder ouvir e exercer melhor a nossa missão”, observou, acrescentando que o Sínodo é um processo e que estão sendo buscadas soluções, mas estamos “nos exercitando na sinodalidade, neste Sínodo”, que “todos têm a oportunidade de falar, de se expressar, de dizer suas ideias, sempre para o bem da Igreja, sempre considerando a missão da Igreja”, ou seja, o anúncio do Evangelho. “Para nós que estamos na Amazônia, é um incentivo a mais para continuarmos nesse caminho de tentar ouvir a todos e envolver a todos no processo de evangelização”, concluiu o cardeal Leonardo Steiner. Respondendo à pergunta de um jornalista, o purpurado destacou que ouvir ajuda a entender as comunidades e suas necessidades, ajuda a ser uma Igreja samaritana, presente, misericordiosa. Há 70 mil indígenas, ouvir as diferentes comunidades é importante porque “elas nos dizem como querem celebrar”, continuou o cardeal Leonardo Steiner, elas ajudam a considerar a piedade popular, em suma, a ser uma Igreja evangelizadora.
A experiência sinodal na Letônia
Dom Zbigņev Stankevičs, arcebispo de Riga, secretário geral da Conferência Episcopal da Letônia, falou sobre a reação dos católicos letões (20% da população de cerca de dois milhões) ao convite para participar do processo sinodal. “Havia sentimentos ambíguos”, alguns que ouviram falar sobre as formas sinodais na Alemanha tiveram uma atitude de rejeição, outros pensaram em algo formal, mas depois todos começaram a trabalhar. Surgiu a necessidade de ouvir a todos, não apenas os católicos, mas também outros cristãos, representantes de outras religiões, os marginalizados e até mesmo os não crentes. E então tentar reconhecer o que o Espírito Santo quer dizer à Igreja hoje e despertar o senso de corresponsabilidade pela missão evangelizadora da Igreja em cada pessoa batizada. E aqui há um grande desafio, em primeiro lugar, na formação dos bispos, dos sacerdotes”, disse o prelado, “porque sua principal tarefa é olhar para os fiéis e reconhecer seus dons, seus carismas”. E novamente o arcebispo de Riga falou sobre as mulheres na Igreja: “elas não devem competir com os homens, mas a complementaridade é importante”; sim, dando-lhes mais espaço na Igreja, mas sem tocar no que está no Evangelho e na tradição da Igreja.
A “diáspora filipina”
Quanto à realidade dos filipinos, dom Pablo Virgilio David, bispo de Kalookan, disse que há milhões deles vivendo espalhados pelo mundo, eles são 10-15% da população das Filipinas, o que é chamado de “a diáspora filipina”. O Papa Francisco, em tom de brincadeira, os chama de “contrabandistas da fé”, confidenciou o prelado. Eles são migrantes, trabalhadores, “missionários praticamente relutantes” porque não foram formados para esse fim, mas tentam viver sua fé. O clero se interroga sobre a formação deles, considerando que toda a Igreja é chamada à missão. Dom David enfatizou que este Sínodo insiste precisamente na igualdade de dignidade. “Não importa se alguém é um cardeal ou arcebispo ou quem quer que seja, porque fundamentalmente somos uma comunidade de discípulos iguais no batismo”, disse ele. Com relação aos desafios enfrentados pela Igreja filipina, a um jornalista que lhe perguntou quais são as prioridades, o prelado comentou sobre a necessidade de acompanhamento para aqueles que vivem no exterior, “porque eles se tornam missionários acidentais” testemunhando sua fé nos países onde trabalham.
Acolhimento de pessoas homossexuais
Às perguntas dos jornalistas sobre a posição da Igreja em relação às pessoas lgbtq+ ou que vivem uma relação entre pessoas do mesmo sexo, o cardeal Steiner respondeu que o tema surgiu durante as reflexões e também no momento das apresentações dos grupos, mas que esta sessão do Sínodo não leva a conclusões, estas estarão lá, de acordo com o desejo do Papa, na próxima sessão, no próximo ano. Sobre o tema das pessoas homossexuais, dom Stankevičs lembrou o convite de Francisco em Lisboa para acolher “todos, todos, todos”, “todos, todos, todos” e acrescentou que as pessoas homossexuais também devem ser acolhidas “com amor, sem julgar”, sua dignidade humana deve ser respeitada, como ensina o Catecismo da Igreja Católica, e não discriminadas injustamente, ressaltando que os casais homossexuais são chamados a viver em castidade porque qualquer relação sexual fora do casamento é pecado, e que, portanto, abençoar os casais que não aceitam esse princípio é um problema porque significaria abençoar o viver em pecado. Dom David, por sua vez, disse que há uma forte tendência de rotular as pessoas em termos de gênero, sexualidade, afiliação política ou religiosa, mas que Jesus via cada ser humano como um filho de Deus.