No artigo passado vimos o quanto o padre Taddei, trabalhando exaustivamente pelo bem do Apostolado da Oração, estava adoentado, aos 72 anos. Em 1909, voltando de Santos, tivera uma crise de saúde que o reteve em Itu.

As lutas políticas e ideológicas na cidade eram terríveis e o abatiam demais; havia intelectuais adeptos do anticlericalismo que se manifestavam através de um jornal. Como o cura d’Ars, Taddei rezava constantemente pelo fim das provocações ao Catolicismo. Dizia, em carta a uma zeladora amiga: “preciso concluir minha missão antes de morrer. Tenho imensas coisas que me afligem e por ora sem remédio. Pedi ao Coração de Jesus que me facilite um remédio que estou procurando para impedir a ruína desta cidade, mas pedi com fervor e com vontade de obter. É um mal que me tem entristecido muito.”

Mesmo angustiado, nesse ano escreveu e publicou um relatório sobre as atividades do Apostolado da Oração desde sua fundação; longo e informativo, mais parecia um testamento.

Precisou reduzir as tarefas porque a saúde ia sempre fraca. Então veio um glaucoma no olho esquerdo que obrigou os médicos a diversas cirurgias e, afinal a enucleação, ou seja, retirada do globo ocular.

Como um santo suporta dores e sofrimento? Vejamos o que ele escreveu a sua penitente: “como é grande a misericórdia de Deus! Visitou-me na velhice com estes incômodos que lhe são próprios! Concedeu-me tempo de preparação à passagem da eternidade, tendo eu, durante 46 anos, pensado nos outros! Agora, não sei que coisa me resta a fazer. Não sei se Deus me há de restituir as forças. Faremos a vontade de Deus, como temos feito até agora. Continuo em São Paulo, porque o doutor quer pôr o olho de vidro, o que por enquanto não é possível, sê-lo-á talvez na outra semana.” Quantas dores e incertezas… mas a confiança não morria!

Chegou 1912 para a grande celebração de seus cinquenta anos de sacerdócio. A 19 de abril houve festa na Igreja do Bom Jesus e no Colégio São Luís, com autoridades e membros do Apostolado de diversas cidades. Os bispos de todo o Brasil aderiram com telegramas, inclusive o Núncio Apostólico, com benção do Papa. Mesmo abatido, participou de tudo. Talvez o que mais o emocionou foi um presente de quatro meninas do Asilo da Providência de São Paulo. As órfãs o encaminharam com a mensagem: “soubemos da festa do padre Taddei, e como ele é velhinho, talvez sinta frio, enviamos-lhe pois este cobertor, estas meias e também estes doces que nos foram presenteados por nossos bons benfeitores”. Para quem viveu plantando a caridade eis um reflexo do Bem em sua vida extraordinária.

Entusiasmou-o uma mudança importante na revista Mensageiro do Coração de Jesus. Foram adquiridas novas máquinas, da Europa, para ampliar a produção.

O Padre Taddei vivia com resignação as adversidades desse momento da vida, considerando que a “vontade de Deus é quanto basta!”

Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”