A Independência do Brasil aos 7 de Setembro de 1822: alegrar-se com o que?
por César Caracante
Membro da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG)
A independência do Brasil é um processo ainda em andamento. Não estamos livres de muitas amarras políticas, sociais e econômicas, que levaram Dom Pedro I ao ‘Grito do Ipiranga’. Ainda não conseguimos nos libertar de políticas e políticos que não servem ao povo. Ainda lidamos com servidores públicos que só servem aos seus próprios propósitos. Economicamente a maioria dos brasileiros pode quase nada e uma minoria de empresários e empresas parece não conhecer limites. Não eram esses nossos óbices de Colônia portuguesa?
Mas então, 7 de Setembro é dia de alegria? De celebração?
Sim. Devemos celebrar por três motivos fundamentais:
Primeiro, pois é o dia em que nós brasileiros, enquanto Nação, passamos a ser os únicos e exclusivos responsáveis pelo Brasil. Conquistamos nossa própria identidade e nosso próprio território. O dia 7 de Setembro é a data de nascimento do Brasil dos brasileiros!
Segundo, herdamos valores da cultura ocidental, de marcada influência cristã; e independentemente da crença em dogmas de fé, é certo que nós, brasileiros, acreditamos que a realidade do cidadão não se esgota, simplesmente, na consideração da expressão biológica de que ela se compõe. Acreditamos que nascemos livres, iguais em dignidade e singulares, e o dia 7 de Setembro é marco dessas afirmações dos brasileiros para o mundo!
Terceiro, todo brasileiro tem direito a buscar, ao longo de sua existência, uma realização pessoal diferenciada, própria, intransferível e em consonância com os padrões impostos pelo grupo. Entretanto, cônscios de sua dignidade essencial e da precariedade da existência terrena, impõe-se a todo cidadão o dever de fraternidade, que também há de servir, em nossa cultura, como parâmetro norteador da vida social. E o 7 de Setembro nos lembra e convoca para sermos uma só Nação, unida em um único território… Somos irmãos e a fraternidade um dever.
As nações mais festejadas pela altíssima qualidade de vida de seus cidadãos nos provam que o fim do processo de independência é uma sociedade fraterna. O dia 7 de Setembro de 1822 deve ser celebrado por nos proporcionar a capacidade do Bem Comum, sendo ele um “Ideal de convivência que, transcendendo a busca do bem-estar, permite construir uma sociedade em que todos tenham condições de plena realização de suas potencialidades como pessoas e de conscientização e prática de valores éticos, morais e espirituais” (Doutrina da Escola Superior de Guerra).
Concluiremos nossa independência quando cada brasileiro olhar e tratar o outro como irmão quando entendermos que o gigantismo do Brasil começa no gigantismo dos brasileiros patriotas que se dedicam ao Bem Comum. Só a fraternidade, a união e o trabalho da Nação Brasileira possibilitarão ao Brasil criar caminhos de Amor, Ordem e Progresso.
O dia 7 de Setembro nos inspira a ser nós brasileiros, a imagem do nosso Brasil: gigantes pela própria natureza!”