10º Domingo do Tempo Comum – Leituras Iniciais
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Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj

1ª Leitura (Oseias 6,3-6)

Quando é que todos se transformam em “pessoas religiosas”? Quando as coisas andam mal, quando são atingidas por doenças ou desditas ou quando têm que enfrentar problemas sérios.

No tempo de Oseias acontecia a mesma coisa. O povo tinha causado um desastre muito grave; não dera ouvidos aos profetas e se lançara numa aventura absurda: a guerra.

Nenhuma guerra jamais produziu resultados positivos: transforma-se sempre numa inútil carnificina, porém a mais desastrosa delas com certeza é a que explode entre os membros da mesma nação.

A guerra que eclodiu em Israel no tempo de Oseias era fraticida: surgiu entre as tribos do norte contra as do sul. As consequências foram catastróficas.

Ao perceberem o erro cometido, os israelitas recorrem ao Senhor para que ele ponha um fim ao massacre entre irmãos. Dizem uns aos outros: “Vinde, voltemos ao Senhor, ele nos haverá de curar” (vers.1 que não aparece na leitura de hoje).

Deus, porém, sabe que o homem tem esses impulsos de conversão somente quando se sente oprimido e sofre as consequências pelos seus pecados, mas em seguida, tendo passado o infortúnio, volta ao comportamento anterior.

Nesta leitura ele responde às boas intenções do povo com uma imagem muito bonita: “O amor é como a tênue neblina da manhã, como o orvalho que logo desaparece, ao despontar do dia” (vers.4).

Deus não aprecia muito as manifestações de religiosidade ditadas pela emoção do momento e que tem a duração de poucas horas de uma manhã, ele rejeita sobretudo as manifestações de culto que não conduzem a obras concretas em benefício do ser humano.

 

2ª Leitura (Romanos 4,18-25)

A primeira leitura nos apresentou o amor inconstante de Israel por seu Deus. Nesta leitura, ao contrário, nos é apresentado um exemplo oposto: o de Abraão que permaneceu fiel, não obstante as numerosas provas às quais foi submetido.

Abraão não acreditou só por algum instante ou quando Deus lhe proporcionava prosperidade. Ele sempre depositou a sua esperança e confiança no Senhor.

Deus lhe havia prometido uma numerosa descendência como as estrelas do céu – somos todos nós – porém, transcorridos muitos anos, nada tinha acontecido. Ele e Sara, sua mulher, já avançados em idade (tinham perto de cem anos!) de que forma poderiam continuar acreditando que a promessa de Deus se realizaria?

Contra todas as expectativas humanas, Abraão nunca parou de esperar e não foi em vão; na sua velhice teve um filho. Esta fé inabalável em Deus é que produziu a grandeza de Abraão. Como ele, devem agir todos os crentes. Em qualquer circunstância, alegre ou triste, devemos cultivar a certeza de que o Pai está nos conduzindo, mesmo quando os caminhos que ele aponta não são facilmente compreensíveis para a lógica humana.