3º Domingo da Quaresma – Leituras Iniciais
Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj
Sugerimos que antes de lerem estes comentários, façam as leituras na Bíblia.
1ª Leitura (Êxodo 17,3-7)
Após a saída do Egito e a passagem do Mar Vermelho, o povo de Israel, guiado por Moisés, começa a viagem para atravessar o deserto do Sinai e chegar à terra prometida. O início dessa viagem foi glorioso, aconteceram grandes prodígios, todos estão certos de que Deus está ao lado deles, houve cânticos festivos e gritos de alegria.
Depois começam as dificuldades: o calor sufocante do deserto, o cansaço, as serpentes, a fome e sobretudo. . . a sede.
Quando os israelitas percebem que não há água, têm medo de morrer, passam a duvidar da fidelidade de Deus às suas promessas. As últimas palavras da leitura espelham muito bem esta provação contra Deus: “Afinal, o Senhor está no meio de nós, sim ou não?” (vers.7).
A experiência de Israel que sai do Egito se repete na vida de todo cristão. Este também, como os israelitas, é alguém que se deixou convencer a abandonar a “terra da escravidão”, a vida antiga, tornou-se catecúmeno e aceitou o Batismo.
No começo tudo parecia fácil. Pensava: A água do Batismo lavou todas as minhas más inclinações e os meus maus desejos, não terei mais dificuldade, o Espírito me conduzirá sempre para o bem, serei eternamente feliz. Começaram depois os desencantos: continuaram as dificuldades de sempre. Nem mesmo os membros da comunidade cristã são as pessoas exemplares, que se imaginava.
Haverá motivos para surpresa ou espanto diante desta situação? Com certeza não, nestas horas o cristão deve somente pensar: encontro-me também como Israel: em Massa e Meriba (vers.7).
2ª Leitura (Romanos 5,1-2.5-8)
Em meio às dificuldades e incertezas da vida podemos chegar ao ponto de pensar que Deus nos tenha abandonado e que a nossa esperança não tem nenhuma base sólida.
Sobre o que baseamos a nossa esperança? Sobre nossas boas obras, certo? Às vezes, por exemplo, ouvimos pais dizendo às crianças: “Comporte-se bem e Deus te abençoará”. Mas se assim fosse, se as bênçãos de Deus dependessem do fato das boas ações que praticamos, não estaríamos nunca certos da nossa salvação, viveríamos em angústia permanente, porque nos sentimos fracos e sabemos que nos desviamos do caminho certo com estrema facilidade.
Paulo nos ensina que a nossa esperança não está fundada nas nossas boas obras, mas no amor de Deus. Seu amor não é fraco nem inconstante nem inseguro como o nosso. Estamos capacitados a amar somente os bons, os amigos, os que nos proporcionam o bem. Para estes poderíamos até, em algum caso extraordinário, estar dispostos a dar a nossa própria vida.
Deus é diferente de nós. Deus ama os homens também se são seus inimigos; de fato enquanto eles recusavam seu amor, o desprezavam e estavam longe dele, mandou-lhes o seu Filho (ver.7-8).
“A nossa esperança, diz Paulo, nunca será em vão”, não porque nós somos bons, mas porque Deus é bom (vers.1-2).