Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj

1ª Leitura (2Reis 5,14-17)

Naamã, o comandante do exército da Síria, estava duplamente imundo. No corpo porque era leproso, e na alma, porque adorava Remon e não conhecia Javé.

Certo dia foi informado que em Israel existia um homem de Deus, chamado Eliseu, que tinha poderes para curar sua doença. Vai até ele, mas quando está para chegar à porta da casa do profeta, este manda um servo dizer-lhe que vá lavar-se nas águas do rio Jordão. Naamã fica indignado, esperava que Eliseu cumprisse algum ritual invocando o seu Deus e depois, impondo-lhe as mãos, lhe comunicasse uma força vital. Mas, contrariando suas expectativas, nem se digna ir ao seu encontro. Já está indo embora quando os seus servos o convencem a seguir a ordem recebida.

Descendo até o rio Jordão, lava-se sete vezes e sua carne se torna tenra como a de uma criança: está curado (vers.14). Volta, então, para agradecer a Eliseu levando-lhe um presente, mas este se recusa a aceitá-lo. Naamã entende: foi Javé, o Deus de Israel, quem o curou. Faz então uma profissão de fé: “Reconheço que não há outro Deus em toda a terra senão o de Israel” (vers.15-16).

(A leitura termina nesse ponto. É importante, porém, ler também os versículos seguintes 18-19 para entendermos o questionamento a seguir)

Os dirigentes das nossas comunidades mostram a mesma compreensão de Eliseu em relação aos irmãos que passam por dificuldades semelhantes?

Eliseu é um modelo para os pastores de almas, não apenas pela sua compreensão, mas também pela sua retidão. Não aceita agradecimentos para si, mas para Deus. Fazem o mesmo os responsáveis pelos mistérios das comunidades?

2ª Leitura (2Timóteo 2,8-13)

Quando escreve a segunda carta a Timóteo, Paulo já foi julgado e ninguém teve coragem para apresentar-se e testemunhar a seu favor (cap.4 vers.16). Muitos amigos o abandonaram e se voltaram contra ele (cap.4 vers.9-15). Os pagãos o consideram um malfeitor e os judeus, um traidor! Este é o destino que espera os que se dedicam com lealdade à causa do Evangelho!

Por isso diz a Timóteo e também a si mesmo: “Lembra-te de Jesus Cristo” (vers.8). Para conquistar a salvação é preciso percorrer o mesmo caminho: “Se morrermos com ele, com ele viveremos; se soubermos perseverar, com ele reinaremos” (vers.11-12).

Poderá ser motivo de espanto, então, se às vezes acontece que, depois de ter trabalhado com afinco para a nossa comunidade, somos criticados, caluniados e condenados pelos mesmos irmãos os quais beneficiamos? Quem desenvolve alguma atividade na comunidade não deve já calcular que não pode esperar a gratidão dos homens?

Não obstante as dificuldades, o cristão, como Paulo, nunca pode perder a serenidade e a alegria, porque tem a certeza que a mensagem de amor e de paz que anuncia produzirá frutos abundantes. “A palavra de Deus, esta não se deixa acorrentar (vers.9).