Ainda um tempo de glória
Tendo falecido repentinamente padre José do Rego Castanho, que foi pároco por dezoito anos, foi substituído pelo padre Thomaz Pereira Serra Bittencourt. Pouco ou quase nada se sabe dele, ainda hoje. Ficou no cargo apenas por oito meses, espécie de mandato tampão, até a nomeação de outro sacerdote.
É importante lembrar que, no tempo em que o Brasil pertencia a Portugal, pelo acordo entre Igreja e Estado, o chamado Padroado, as nomeações eram feitas pela Coroa. Este foi o primeiro pároco indicado por D. João VI, que já vivia no Brasil, e era Regente no impedimento de sua mãe, a rainha D. Maria, fora do juízo.
O tempo ainda era de glória para a paróquia. A decoração do templo ainda estava sendo feita. Foi adquirido um órgão para o coro, cuja origem ainda nos é desconhecida. Possivelmente fabricação local.
Dois movimentos importantes aconteceram neste curto paroquiato O primeiro foi a tentativa de organização de uma congregação de padres junto à futura igreja do Patrocínio. Uma capela servia de lugar de colóquio filosófico e espiritual aos religiosos, tendo por liderança um dos mais prestigiados sacerdotes em Itu, o padre Jesuíno do Monte Carmelo. Em torno de sua casa, discutiam ideias, rezavam e faziam mortificações.
Já no Convento de São Luís de Tolosa, a pedido da Câmara Municipal, foi aberto um Curso de Filosofia para leigos. Essa novidade em Itu favoreceu os filhos dos agricultores ricos que podiam ter formação especial em uma das únicas escolas do gênero na Província de São Paulo. Foram mestres Frei Inácio de Santa Rosália, Frei Domingos de Nazaré e Frei Inácio de Santa Justina.
Durante seu paroquiato autorizou o vigário coadjutor, padre Manoel de Arruda e Sá, a batizar o menino Miguel Archanjo Benício da Assunção Dutra, em agosto de 1812, o gênio Miguelzinho.
Luís Roberto de Francisco – Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”