O início de uma nova época
Com a morte do padre Antonio de Medeiros Pereira (novembro de 1763) assumiu a paróquia ituana o padre Francisco Xavier Gusmão. Paulistano, era filho de Manoel Gusmão e Maria Pedroso Xavier. Em quatro anos de paroquiato (até maio de 1767) participou do início da era de ouro da economia local. A produção açucareira iniciava a dar frutos. Em 1766 a população crescera para 2.758 pessoas, distribuídas em 658 casas. Foi quando se fundou a Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, cujo altar ainda se conserva em capela lateral da Matriz. O pároco e seu coadjutor, padre Bernardo de Sampaio Barros (1734 – 1807), ituano, se desdobravam para atender a comunidade, mesmo o bispo considerando o padre Gusmão “pouco sadio, embaraçado e sem zelo de decência do culto de Deus!”
Nesse tempo a diocese de São Paulo decretou nova tabela de emolumentos, seguida em Itu: a missa custava uma pataca (320 réis) e a de corpo presente o dobro; a missa cantada quatro patacas e a encomendação de defuntos 640 réis. Se fosse para escravos a metade. Batizados e casamentos eram voluntários: padrinhos e noivo davam o que quisessem. Assim narra Nardy Filho.
A vida religiosa, de maneira geral, também floresceu. O Convento Franciscano contava onze frades e o Carmelita doze. A primeira matriz, reformada um século antes, para ser igreja do Bom Jesus, já não comportava a dignidade de templo. Foi demolida e reconstruída pela poderosa família Costa Aranha. A inauguração solene foi a 1º de janeiro de 1765. A primeira festa do padroeiro, cuja imagem ainda se venera, celebrou-se no ano seguinte.
Padre Gusmão escreveu ao rei, em 13 de julho de 1765 notificando a pobreza e decadência da matriz, primeiro passo na movimentação pela construção de uma nova igreja, à altura da riqueza dos engenhos.
Luís Roberto de Francisco – Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”