Catequese 05 – “Pais e mães”
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A força de um amor que gera vida

O caminho para a santidade, quando tomado por um pai ou uma mãe, passa pelo crescimento do amor recíproco e do amor que dão aos filhos.

Existe um chamado belíssimo e forte em tornar-se pai e mãe. Esse chamado consiste em partilhar com Deus o poder de um amor que gera vida na carne e no espírito. É um chamado que durará a vida inteira e em todas as circunstâncias. O amor de um homem e de uma mulher é sempre fecundo, mesmo quando não têm filhos ou quando os pais ficam velhos. Com efeito, os cônjuges sempre podem gerar filhos de Deus.

Um amor misericordioso e piedoso

No livro do Êxodo, depois de o povo hebreu ter adorado o bezerro de ouro, o Senhor revelou a Moisés a qualidade do Seu Amor: “O Senhor desceu da nuvem e ali esteve junto dele. Ele invocou o nome do Senhor. O Senhor passou diante dele, e ele exclamou: ‘Senhor, Senhor… Deus de compaixão e de piedade, lento para a cólera e cheio de amor e fidelidade; que guarda o seu amor a milhares, tolera a falta, a transgressão e o pecado’” (Ex 34, 5-7).

Detenhamo-nos um pouco nessas duas palavras: compaixão e piedade. Em hebraico, são “raham” e “hesed”. Ambos significam amor, misericórdia, mas com diferenças importantes, que podem fazer-nos compreender o caminho para a santidade através do amor de um pai e de uma mãe.

“Hesed” é o termo mais usado no Antigo Testamento para indicar a misericórdia e o amor. Trata-se de uma compaixão feita de fidelidade, de segurança, de iniciativa, de confiança que confirma e acompanha, que não abandona, que fica firme, que dá segurança.

“Raham” vem de “rehem”, que em hebraico significa útero, o lugar em que a criança se forma e cresce: é um amor que forma o corpo, que guarda, que protege, que nutre e acolhe a existência de um outro.

Revelam-se assim duas dimensões do Amor de Deus: uma paterna-masculina e uma materna-feminina. O amor masculino é imbuído de uma energia suave, mas potente, operativa; o amor feminino gera, constrói, nutre a partir de um laço visceral. A mãe e o pai são para os filhos sinal concreto desse amor.

“O Senhor é compaixão e piedade, lento para a cólera e cheio de amor; Ele não vai disputar perpetuamente, e seu rancor não dura para sempre. Nunca nos trata conforme os nossos erros, nem nos devolve segundo nossas culpas. Como o céu que se alteia sobre a terra, é forte o seu amor (‘Hesed’) por aqueles que o temem. Como dista o oriente do ocidente, ele afasta de nós as nossas transgressões. Como um pai é compassivo com seus filhos, o Senhor é compassivo (‘rehem’) com aqueles que o temem; porque ele conhece nossa estrutura, ele se lembra do pó que somos nós” (Sl 103(102), 8-14).

O amor de um pai e de uma mãe consegue realizar gestos que só Deus pode fazer: criar e perdoar

No Antigo Testamento, duas ações são reservadas exclusivamente a Deus: ‘criar’ [br’] e ‘perdoar’ [slh]. Sempre que um pai e uma mãe acolhem uma nova vida e a protegem, sempre que perdoam e tomam o seu caminho, trazem o Céu à terra. Nesse momento, é o Espírito Santo que age neles.

“Portanto, a primeira necessidade é precisamente esta: que o pai esteja presente na família. Que se encontre próximo da esposa, para compartilhar tudo, alegrias e dores, dificuldades e esperanças. E que esteja perto dos filhos no seu crescimento: quando brincam e quando se aplicam, quando estão descontraídos e quando se sentem angustiados, quando se exprimem e quando permanecem calados, quando ousam e quando têm medo, quando dão um passo errado e quando voltam a encontrar o caminho; pai presente, sempre. Estar presente não significa ser controlador, porque os pais demasiado controladores anulam os filhos e não os deixam crescer. […] Um pai bom sabe esperar e perdoar, do profundo do coração. Sem dúvida, também sabe corrigir com firmeza: não se trata de um pai fraco, complacente, sentimental. O pai que sabe corrigir sem aviltar é o mesmo que sabe proteger sem se poupar” (Papa Francisco, 04/02/2015).

“Ser mãe não significa somente colocar um filho no mundo, mas é também uma escolha de vida. O que escolhe uma mãe, qual é a escolha de vida de uma mãe? A escolha de vida de uma mãe é a escolha de dar a vida. E isto é grande, é bonito.

Uma sociedade sem mães seria uma sociedade desumana, porque as mães sabem testemunhar sempre, mesmo nos piores momentos, a ternura, a dedicação, a força moral. As mães transmitem, muitas vezes, também o sentido mais profundo da prática religiosa: nas primeiras orações, nos primeiros gestos de devoção que uma criança aprende, está inscrito o valor da fé na vida de um ser humano. É uma mensagem que as mães que acreditam sabem transmitir sem tantas explicações: estas chegarão depois, mas a semente da fé está naqueles primeiros, preciosíssimos momentos. Sem as mães, não somente não haveria novos fiéis, mas a fé perderia boa parte do seu calor simples e profundo” (Papa Francisco, 07/01/2015).

Sugestões de reflexão em casal/família e em comunidade

•Possamos reler as palavras do Papa Francisco e reflitamos sobre o nosso ser pai e o nosso ser mãe.
•O amor dos esposos é fecundo mesmo ao gerar filhos de Deus, ao ser pai e mãe espiritual dos seus próprios filhos e de toda pessoa que encontramos, dando-lhes o Amor terno, acolhedor, firme, seguro de Deus Pai. Quais são os filhos espirituais que Deus nos confia neste momento da nossa vida?

Vídeo 5: “Confiar na Providência”

Este vídeo conta a história de cinco filhos, uma mãe e um pai, uma casa que já não existe mais e a necessidade de reconstruir quase tudo do zero. É a história de Gianluca, Caterina e seus três filhos que, poucos dias antes do último Natal, viram sua casa ser devorada por um incêndio. “Toda essa história – conta Gianluca – me fez pensar muito na minha figura de pai e ao mesmo tempo de filho de Deus, porque fui cuidado e protegido por um grande Deus, por um grande Pai.”

 

Para aprofundar

Papa Francisco – Audiência Geral – 04/02/2015

Papa Francisco – Audiência Geral – 07/01/2015