A Última Bolacha do Pacote (O Vício da Soberba)
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Eis um pecado capital sempre na moda. O maior entre os sete, pois é o que dá origem aos outros. A soberba também pode ser chamada de “orgulho”. Mas não é aquele orgulho bom, que os pais sentem das boas obras dos filhos, por exemplo. É o orgulho que rejeita a existência e a submissão a Deus, recusando totalmente o amor do Criador. É o sentimento de idolatria a si mesmo, fazendo do próprio ego o seu pequeno “deus”.

É fácil reconhecer um pecador soberbo: é desobediente e rebelde; fala blasfêmias e é incapaz de palavras positivas sobre os outros; é egoísta (só ele presta) e julga erradamente todas as outras pessoas; mente sobre tudo (mesmo que não precise) e é incapaz de qualquer gesto de gratidão; é arrogante e invejoso, ciumento e presunçoso; só a sua vontade é válida, caso contrário comete a hipocrisia de viver fazendo vitimismo sobre si mesmo, caindo numa mágoa infundada e sem fim.

A soberba é um vício de muitas pessoas na atualidade. E sabemos que é um vício justamente porque a maioria não se dá conta dele. Cada um é treinado para considerar-se o centro do próprio universo. E quando vem alguma contrariedade ou decepção, dá-se o tal do orgulho ferido. Isso que dá tirar Deus do centro da própria vida e colocar no lugar o seu “eu” particular…

A mágoa de um orgulho ferido mata qualquer bom sentimento que possa haver no coração. De fato, a soberba é pródiga em causar assassinatos espirituais, daqueles nos quais a gente “mata” alguma pessoa no nosso coração. Não se trata de simples metáfora, mas de uma triste realidade existente na consciência de multidões.

O soberbo recebe como prêmio a solidão. Mas não aquela boa solidão, bem medida e calculada, vivida por livre escolha e nos momentos oportunos, usada para meditar, rezar, estudar, etc. O fruto da soberba é a solidão de quem já não pode escolher deixar de ser triste, pois as pessoas se afastaram, não mais a suportam, não têm mais prazer algum em estar perto dela. Eis então a grande cilada desse pecado: a soberba mata o soberbo, em sua alma.

Contra a soberba, Jesus nos ensina: quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado (cf. Lc 14, 7-11). O tratamento contra o vício da soberba é a vacina da HUMILDADE. Em primeiro lugar, aceitando nossas limitações e colocando Deus no lugar do “eu”. Depois, rezando com firmeza na oração do Pai Nosso, para que seja feita a vontade de Deus e não a nossa. Por fim, reconhecendo que não somos melhores que ninguém só por causa de um contexto ou de uma qualidade. E que somos todos farinha do mesmo saco, todos pecadores e todos necessitados da graça e da misericórdia divinas.

O pai da soberba é o Diabo, que pretendeu colocar-se a si mesmo no lugar de Deus e que se dedica a enganar os seres humanos para levá-los ao mesmo erro. O mestre da Humildade é Jesus Cristo, que sendo o Filho de Deus desejou tornar-se humano e colocar-se a si mesmo numa cruz para pagar o preço dos pecados de todos nós. Quem se deixa levar pela cantilena do capeta acaba se achando a última bolacha do pacote, que é justamente aquela que fica murcha, esquecida e estragada após certo tempo.

O humilde não se eleva a si mesmo às alturas de uma glória artificial, colocando-se num pedestal, bem longe dos outros. Quem é humilde mantém os olhos no céu, mas com os pés no húmus do chão. A tradição judaica diz que a humildade é o topo da inteligência, pois através dela se alcançam todas as outras virtudes. Portanto, cada um procure libertar-se do vício da soberba para ser verdadeiramente alguém com o espírito livre.

Amém.