29º Domingo do Tempo Comum
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Diác. Valdeci Florentino Santos
Par. Nossa Senhora Aparecida

“Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa.”

Evangelho (Lc 18,1-8)

A oração cristã, antes de ser palavra que implora, é silêncio profundo para ouvir e acolher, em si, a palavra de Deus.
As pessoas entram em comunhão ouvindo-se. Nós entramos em comunhão com Deus e nos dispomos a fazer a sua vontade, ouvindo-o.
Como a fé, a oração também nasce da escuta: é uma resposta vivencial, mas também verbal. Esta assumirá várias formas — uma ação de graças pelo que Deus fez, uma contemplação cheia de admiração, uma profissão de fé, uma declaração de entrega, um pedido.
A oração de pedido também é uma resposta ao convite de Cristo a “orar sempre, orar sem desanimar” (Lc 18,1). Mas qual é o sentido da oração de pedido? Pedir algo a Deus não é, certamente, pretender que Ele faça, em nosso lugar, o que nós devemos fazer.
A oração de súplica reconhece o limite da condição humana e constata que a libertação total e a plena realização de si não dependem unicamente do homem. O homem não pode salvar a si mesmo. Manifestar a Deus todas as suas necessidades e desejos é colocar-se sob a sua luz e ver se são legítimos ou não.
O ser humano é verdadeiramente aquilo que pede; os pedidos nascem espontaneamente e sobem a seus lábios. Dizê-los a Deus é testá-los e purificá-los.
A oração de súplica é sinal de confiança em Deus. Quando temos certeza de que uma pessoa nos quer bem de verdade, pedimos-lhe tudo de que precisamos e que é bom, com espontaneidade e facilidade.
São João define a fé como “crer no amor de Deus por nós”. Quem crê tem uma confiança tão grande em seu Deus que lhe pede tudo com simplicidade e se entrega a Ele.
A parábola do juiz iníquo e da viúva persistente ensina a necessidade de orar sem desanimar, mesmo que o Senhor tarde e pareça surdo às nossas súplicas. O argumento de Jesus é simples: se um juiz mau termina por ceder à viúva, quanto mais Deus, que é justo, atenderá ao nosso pedido de auxílio.
A súplica cristã não é um pedido de intervenção imediata de Deus, não é fórmula mágica que resolve os problemas, mas adesão confiante à liberdade e à paciência de Deus.
Em outro trecho do Evangelho de Lucas, Jesus nos diz que Deus nos dará, não tanto o que pedimos, mas o Espírito Santo, para compreendermos o significado daquilo que nos compete e para sermos suas testemunhas:
“Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai dará o Espírito Santo aos que lhe pedem!” (Lc 11,13).
O modelo de oração de súplica é a de Jesus no Getsêmani:
“Pai, se queres, afasta de mim este cálice! Contudo, não se faça a minha vontade, mas a tua” (Lc 22,42).
Aquele que crê não quer obrigar Deus a fazer a própria vontade, nem utilizá-lo para realizar seus desejos, mas obter a graça de conformar sua vontade à Dele. Só Ele sabe o que é verdadeiramente o nosso bem.
Portanto, orar não é forçar Deus a fazer nossa vontade.

Deus os abençoe!
Amém!