Luta contra o nazismo e o comunismo
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Os escritores e leitores do jornal, daquele tempo, viviam em clima de maniqueísmo no Brasil, muito ouviam dizer sobre dois movimentos que assombravam a década de 1940, o nazismo e o comunismo. Talvez nem percebessem completamente o quanto o Brasil se aproximou, durante o Estado Novo de Vargas (desde 1937), da prática política de extrema direita, um fascismo antidemocrático disfarçado de amor à pátria tão bem divulgado pelo ditador. O alinhamento do país aos Estados Unidos, durante a guerra (1942 – 1945) mudou tudo e passou-se a falar em democracia, mesmo sem vivê-la na realidade.
O jornal é um espelho límpido de seu tempo. Antes da guerra, dois inimigos eram combatidos através das páginas do semanário, o Protestantismo e o Comunismo. De certa forma havia até interesse em aproximá-los, mesmo que não haja relação possível entre os dois sistemas de pensamento, um de crentes e outro de ateus. Ao entrar o Brasil na guerra, a crítica veemente cai sobre o nazismo e o fascismo. Sabemos que o impacto político foi grande no país e em Itu também, cidade cheia de imigrantes italianos e alemães, que foram fichados na delegacia de polícia. O mais tradicional restaurante da cidade, àquele tempo chamado Padaria Alemã, precisou mudar o seu nome para Padaria Ituana.
Mas, nos anos finais do conflito, já o nazismo em plena decadência, novamente volta-se à luta contra o regime soviético. Em 13 de agosto de 1944, duas matérias versavam sobre o tema: “propaganda subversiva” e “o comunismo, sua gênese e ideologia”.
Nos meios sociais de Itu, desde 1941, houve importante movimento para fundação e manutenção do Círculo Operário Católico, organização de classe dos trabalhadores voltada a agremiar os operários das duas grandes fábricas e outros estabelecimentos em torno da Igreja. A criação deveu-se ao Padre Leopoldo Brentano, jesuíta, que esteve em Itu para a organização dele e eleição da primeira diretoria, anunciando constantemente os encontros do Círculo Operário e escrevendo sobre o valor que uma entidade como essa deve ter sobre a comunidade, A Federação alinhava-se à luta contra a influência do comunismo, em Itu, mesmo que essa possibilidade fosse tão remota. A fraca sindicalização e minúscula articulação do Partido Comunista em Itu já eram reflexos do pouco espaço que se oferecia ao movimento em nossa cidade. O papel do jornal era de fortalecer o Catolicismo na vida das pessoas, sobretudo quando meios de comunicação de massa chegavam à cidade e permitiam o contato com outras realidades e influência. Para citar os mais importantes: o cinema e o rádio. A primeira emissora de Itu, a Rádio Convenção de Itu começou a operar no início da década de 1940, iniciativa de três irmãos empresários, da família Gazzola, que mantinham uma fundição e bom número de operários. A sua programação era toda controlada por eles, não havendo espaço para qualquer discurso dissonante. Já o Cine Central e o Marrocos, traziam filmes nem sempre de conteúdo cristão.