Inteligência Artificial, uma vez mais
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Divulgada no final de janeiro, a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais aborda novamente o tema da Inteligência Artificial, o mesmo que ele utilizou para sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, em 1º de janeiro. Para alguns, o Papa tem se detido demais sobre esse assunto e poderia utilizar suas mensagens para abordar tantos outros temas importantes. Para outros, o tema da Inteligência Artificial é realmente significativo nos tempos atuais e necessita de atenção por parte da Igreja.
Fato é que a preocupação com as inovações tecnológicas não é novidade na Igreja. Desde muito tempo os Papas têm se manifestado sobre as mudanças trazidas pelos avanços tecnológicos. Mantendo-nos no campo das comunicações sociais, vejamos alguns exemplos.
No século XV, o Papa Inocêncio VIII demonstrou sua preocupação com o advento da imprensa de Gutemberg e suas possíveis consequências para a fé católica. Já no século XX, o Papa Pio XI alertou para o cinema e a influência que poderia exercer sobre as pessoas.
Nos anos 1950, o Papa Pio XII reconhece a importância dos meios de comunicação da época – rádio, cinema e televisão – mas destaca a necessidade de preparar as pessoas para identificarem os lados positivos e negativos desses meios.
Nos anos 1990, o Papa São João Paulo II deu especial atenção aos meios de comunicação, referindo-se aos “areópagos modernos” como lugares de missão de todo cristão. Mas não deixou de destacar a velocidade das mudanças tecnológicas – computadores, satélites, vídeogravadores – e os desafios que elas apresentavam na época: “que os desafios não nos impeçam de fazer o bem”.
Já no século XXI, o Papa Bento XVI destacava o vertiginoso avanço das tecnologias, já com a presença da internet e o surgimento das redes sociais. Afirmava a necessidade da sociedade “usufruir do melhor modo possível de tais potencialidades, em benefício da humanidade inteira”, sendo preciso para isso “iluminar as consciências dos indivíduos e ajudá-los a desenvolver o próprio pensamento”.
Com o Papa Francisco não tem sido diferente. Os tempos são outros e as tecnologias são outras, mas permanece a necessidade de alertar a todos sobre os riscos que o progresso tecnológico no campo das comunicações pode trazer para a humanidade.
Na mensagem dedicada ao Dia Mundial da Paz, Francisco afirma que, se por um lado o uso da Inteligência Artificial pode levar “ao aperfeiçoamento do homem e à transformação do mundo”, por outro, “coloca nas mãos do homem um vasto leque de possibilidades, algumas das quais podem constituir um risco para a sobrevivência humana e um perigo para a Casa comum”.
Já na Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, o Papa afirma que “apenas recuperando uma sabedoria do coração é que poderemos ler e interpretar a novidade do nosso tempo e descobrir o caminho para uma comunicação plenamente humana”.
E termina dizendo: “A resposta não está escrita; depende de nós. Compete ao homem decidir se há de tornar-se alimento para os algoritmos ou nutrir o seu coração de liberdade, sem a qual não se cresce na sabedoria.”