Vai e vem …
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Para que dúvidas não surjam e a crônica deslize ao sabor dos imprevistos desde a abertura, passa-se ao leitor de como fluem os vocábulos quando os dedos insistem no seu trabalho de impressão, desavisados de que por primeiro se ordenem as ideias. A grafia é mera consequência.
Sim, Bernardo, esquisitice à parte, que ninguém tem tempo a perder, qual o tema de hoje?
Ora, se sequer sei de mim mesmo, como desanuviar-me dos sonhos e possa perceber que se alguém compra ou apenas pulsa jornal adquirido por outrem tem interesse na sua provável leitura?
Bom, um jornal pode ser pego, por exemplo, com a finalidade de que sirva apenas para embrulhar alguma coisa; depois dessa serventia vai ao lixo.
Mas não. Não desistam, que uma luz há de clarear e pôr tudo às escâncaras. Calma.
Também que culpa possa ser-me atribuída se os quase noventa já se desenham ante meus olhos? Falta pouco e eu nessa teimosia de escrever. Sim, influência de meu genitor, magnífico nas letras, conquanto mero e sonhador com seu jornal na Capivari de antanho. Deliciava-se com o que fazia. Escrevinhador de capacidade e inspiração, curioso, poucas vezes antevê se vai haver brilho na sua explanação. A vocação é autônoma.
Nós, brasileiros, como povo, somos pobres. E por quê?
Quem o presidente atual?
Conhecidíssimo, tanto que, por três vezes, seus admiradores constituem maioria indiscutível, não obstante sejam-lhe atribuídas tantas falhas e espertezas, não desmentidas.
Num montante quase igual de eleitores e povo em geral, independentes, mas minoria sempre, deixam as coisas como estão. Com golpe ou sem golpe, igualmente quando promovidos pelos militares, o país só chafurdou.
Resulta em suma a constatação de quanto esta terra é bendita e esperançosa de que seja utilizada na abundância de seus tipos de solo variados, de Norte a Sul, Leste a Oeste, ou será que se vai ficar esperando pelo escandaloso avanço no desmate da Amazônia? Clama aos céus que os responsáveis pelo país, governantes e políticos de toda ordem acomodados nas suas poltronas, com os olhos ávidos responsáveis pelo país direcionados e de olho na verba polpuda e para quê? Ah, sim, custear a propaganda eleitoral.
O referendo apropriado seria a divulgação das manobras insondáveis e secretas urdidas no aproveitamento pessoal.
Espere. Se alguém que leu desde dali de cima até agora, prossegue, se há essa pessoa, quem assim o seja, – duvido um pouco – vou me permitir continuar na divagação.
Poderia até despencar numa visão do futebol do país cinco vezes campeão mundial e até agora sem concorrente que a ele se iguale. Estaríamos bem então?
Apenas um olhar retrospectivo consuma resposta negativa. Esporte primaz por excelência, essa condição de que apenas com os pés remetam a redonda por onde queiram, era, diga-se de novo, era primazia do Brasil.
E hoje?
O que terá levado à perda dessa primazia? Obviamente as cinco Copas levantadas por nós, quase que consecutivamente, acordaram o mundo, instado a se mexer, ele, porém, de modo geral, desenvolvido, sua gente bem nutrida e melhor organizada, fez-se igualar aos nossos e nos superarem.
E agora, estou a que como medir a largura do córrego, a ver se ouso me transpor para o outro lado num salto. Penso, penso e lá me vou. Upa. Consegui. A idade me proíbe ousadia dessa ordem. Fui teimoso. Balancei na outra margem, quase a ponto de não recuperar o equilíbrio.
A salvo, enxuto, obrigo-me a mais alguns passos nesta prosa, sem direção nem rumo. Tropeços, ah sim, já bati os pés três vezes. E até me lembrei da caminhada, bem antes do alvorecer, de Itu a Pirapitingui, comandados pelo saudoso Frei Constâncio, a participarmos da missa, juntamente, com os internos. Nós outros, pessoal dos Cursilhos de Cristandade.
Estivemos lá, depois, num dia todo de convivência, com palestras e almoço em comum. Numa terceira visita, participante do elenco, fora ali encenada uma peça teatral. Marca maior, a acolhida afetuosa deles, todas as vezes.
Atualmente, estudos modernos e bem assim a concepção diferenciada e mais amena, logrou por recursos outros a acompanhar os necessitados nas próprias casas, benefícios obtidos pela medicina evoluída nesse particular.
Gente, hoje levei vocês – assim espero – a passeio mais difuso e bem à vontade. Terá sido um dedo de prosa próprio das pessoas que pouco se vejam e daí a conversa se prolongar.
A Flávia vem à porta e me acorda: quase seis da tarde, hora do Terço na Rede Vida