22º Domingo do Tempo Comum – Leituras Iniciais
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por Nilo Pereira

1ª Leitura (Eclesiástico 3,19-21.30-31)

”Seja modesto. . .comporte-se como uma pessoa humilde”. Para quem vale esta exortação? Só para as pessoas que, sendo muito dotadas, são tentadas a vangloriar-se, ou também para as pessoas mais simples? Ser humilde significa procurar ser desprezado pelos outros? Esta atitude não parece ser inspirada na sabedoria. Qual então é o comportamento que atrai a simpatia dos homens e as bênçãos de Deus? Por que o Senhor se sente “glorificado” pelos humildes?

Tudo o que somos hoje nós recebemos de Deus. É dele que procede a vida, a beleza, a força, a inteligência, o bom temperamento que temos. Nada nos pertence. De nada podemos nos vangloriar.

É, portanto, ridículo fazer ostentação dos dons de Deus como se nos pertencessem. É uma insensatez alardear as qualidades que temos para nos comparar e nos impor sobre os demais. Os dons de Deus nos foram dados para que, por nossa vez, os compartilhemos com os irmãos.

Humilde é aquele que, tendo consciência das próprias qualidades, se coloca a serviço de todos porque essa é a felicidade do homem; pessoa humilde é a que estabelece relações que acabam com o egoísmo, com a competição e fazem reinar no mundo as atitudes de intercâmbio generoso dos dons de Deus.

Há ainda pessoas que, por serem mais inteligentes e mais preparadas querem dominar sobre os outros? Há pessoas que tentam esconder as próprias qualidades para não serem chamadas a servir? Em que sentido Jesus se define como manso e humilde de coração? (Mat 11,29) e o que representa para nós sermos humildes como Ele?

 

2ª Leitura (Hebreus 12,18-19.22-24a)

Os judeus que tinham se convertido ao cristianismo continuavam tendo uma certa “saudade” da religião dos seus antepassados. O autor da carta procura orientá-los fazendo uma comparação entre a religião antiga, representada pelo Monte Sinai, e a religião cristã, que tem como símbolo a Nova Jerusalém.

O que aconteceu no Sinai? Deus se manifestou a Moisés e ao seu povo num clima de muita violência: apareceram línguas de fogo, trovões, escuridão, trevas e ruídos assustadores. Diante de um espetáculo tão pavoroso, o povo teve medo e pediu que o próprio Moisés falasse e não Deus. (vers.18-19).

Os cristãos – continua a leitura – não se aproximam do monte Sinai para ter uma experiência assustadora de Deus (vers.22); eles se aproximam de Cristo; passam por uma experiência religiosa completamente diferente: é uma experiência festiva porque em Jesus, eles descobrem o rosto de Deus, amigo dos homens (vers.23-24). Nas nossas relações com Deus, sobraram “resquícios” da religião do Sinai?