20º Domingo do Tempo Comum – Leituras Iniciais

por Nilo Pereira
Sugerimos que antes de lerem estes comentários, façam as leituras na Bíblia.
1ª Leitura (Jeremias 38,4-6.8-10)
A leitura de hoje se refere a acontecimentos ocorridos em Jerusalém no ano 586 a.C. A cidade está cercada pelo exército de Nabucodonosor, rei da Babilônia. A situação é desesperadora, mas os chefes militares querem resistir a qualquer custo e o rei Sedecías não tem a coragem de contrariá-los.
Jeremias é um homem de paz, tem consciência da inutilidade da luta armada e sugere a rendição. Esta proposta provoca indignação dos oficiais que procuram Sedecías e lhe dizem para que Jeremias seja eliminado, pois desencoraja o que resta de guerreiros na cidade (vers.4). O rei lhes dá ouvidos e autoriza que Jeremias seja encarcerado e jogado numa cisterna, cheia de barro (vers.5-6). É a derrota do profeta, que se sente abandonado por todos: amigos, familiares e até mesmo por Deus que lhe prometeu proteção (Jeremias 1,8).
Eis que entra em cena Ebed-Melec, estrangeiro, negro vindo da Etiópia que trabalha na corte do rei; um homem honesto e corajoso, daqueles que não conseguem permanecer em silêncio diante da injustiça. Apresenta-se a Sedecías e lhe diz: “Meu senhor, estes homens se comportaram mal. . . (vers.9). É preciso muita coragem para proferir tais palavras, contrariando os personagens mais influentes da nação! Mas, o rei o atende e manda tirar o profeta da cisterna (vers.10-13).
O Senhor não abandona os seus profetas perseguidos, marginalizados, enlameados. Ele está sempre ao seu lado, servindo-se talvez, como no tempo de Jeremias, de alguma pessoa simples, sincera, corajosa como o africano Ebed-Melec.
2ª Leitura (Hebreus 12,1-4)
Os cristãos, aos quais é endereçada esta carta atravessavam um período muito difícil, a ponto de serem tentados a abandonar a própria fé. O autor tenta reanimá-los, incita-os a não desanimar, a não fraquejar, comparando a situação destes cristãos a uma competição no estádio.
Eles são os atletas que devem dar uma demonstração de força e habilidade diante dos espectadores extraordinários (vers.1), os grandes personagens do passado, de Abraão até o último dos profetas. Os discípulos devem “correr” seguindo o exemplo do Mestre e receberão como prêmio, a coroa da glória dada pelo Pai.
Na nossa vida muitas vezes nos encontramos em situações semelhantes às dos hebreus. Somos vítimas de injustiças e abusos. Há os que, com o uso da força, nos privam dos bens, do trabalho, da honra. Há quem se aproveita da posição de poder para nos prejudicar e somos tentados a retribuir com violência, insultos, ódio, rancor. .
É nestas horas que somos convocados a começar nossa luta, não contra os outros, mas contra nós mesmos. Conquistamos a vitória quando conseguimos identificar o nosso modo de agir com o do Mestre. Ele não responde o mal com o mal (Lucas 23,34) e quer que os seus discípulos sigam o mesmo caminho.