Advento, tempo de concretizar a fé no serviço aos outros
O Evangelho de (Lc 3,10-18), nos apresenta vários grupos de pessoas – as multidões, os publicanos e os soldados – que são tocados pela pregação de João Baptista e depois perguntam: «O que devemos fazer?» (Lc 3, 10). O que devemos fazer? Esta é a pergunta que fazem. Reflitamos um momento sobre esta questão.
Essa pergunta não vem de um sentido de dever. Pelo contrário, é o coração tocado pelo Senhor, é o entusiasmo pela sua vinda que leva a dizer: o que devemos fazer? João afirma: “O Senhor está próximo” – “O que fazer?”. Demos um exemplo: pensemos que um ente querido nos vem visitar. Aguardamo-lo com alegria e impaciência. A fim de o receber adequadamente, limparemos a casa, prepararemos a melhor refeição possível, talvez um presente… Em suma, daremos o melhor de nós. Assim acontece com o Senhor, a alegria pela sua vinda nos faz dizer: o que devemos fazer? Mas Deus formula esta questão a um nível mais elevado: o que devo fazer da minha vida? A que sou chamado? O que me realiza?
Ao colocar esta questão, o Evangelho recorda algo importante: a vida apresenta uma tarefa. A vida não é inútil, não é deixada ao acaso. Não! É um dom que o Senhor nos dá, dizendo-nos: descobre quem és, e trabalha para realizar o sonho que é a tua vida! Cada um de nós – não nos esqueçamos – é uma missão a realizar. Portanto, não tenhamos medo de perguntar ao Senhor: o que devo fazer? Repitamos-Lhe frequentemente esta pergunta. Ela aparece também na Bíblia: nos Atos dos Apóstolos algumas pessoas, ouvindo Pedro que anunciava a ressurreição de Jesus, «emocionaram-se até ao fundo do coração com essas palavras. E perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: “Que havemos de fazer?”» (cf. 2, 37). Perguntemos também: o que é bom fazer por mim e pelos irmãos? Como posso contribuir para o bem da Igreja, para o bem da sociedade? O Tempo de Advento serve para isto: parar e perguntar-nos como preparar o Natal. Estamos ocupados com tantos preparativos, com dons e coisas que passam, mas perguntemo-nos o que devemos fazer por Jesus e pelos outros! O que devemos fazer?
A esta pergunta “o que devemos fazer?” responde João Batista no Evangelho, diferentemente para cada grupo. Com efeito, João recomenda a quantos têm duas túnicas para partilhar com aqueles que não têm nenhuma; aos publicanos, que cobram impostos, diz: «Nada exijais além do que vos foi estabelecido» (Lc 3, 13); e aos soldados: «Não exerçais violência sobre ninguém» (v. 14). A cada um foi dirigida uma palavra específica, relativa à situação real da sua vida. Isto nos oferece um precioso ensinamento: a fé encarna-se na vida concreta. Não se trata de uma teoria abstrata. A fé não é uma teoria abstrata, uma teoria generalizada, não, a fé toca a carne e transforma a vida de cada um. Pensemos sobre a concretismo da nossa fé. Eu, a minha fé: é algo abstrato ou concreto? Levo-a adiante ao serviço dos outros, na ajuda?
E assim, concluindo, perguntemo-nos: o que posso fazer concretamente? Nestes dias, à medida que nos aproximamos do Natal. Como posso fazer a minha parte?
Assumamos um compromisso concreto, mesmo que pequeno, que se ajuste à nossa situação de vida, e levemo-lo a cabo para nos prepararmos para este Natal. Por exemplo: posso telefonar àquela pessoa sozinha, visitar aquele idoso ou doente, fazer algo para servir um pobre, um necessitado. Ou ainda: talvez eu tenha um perdão a pedir ou a conceder, uma situação a esclarecer, uma dívida a saldar. Talvez tenha negligenciado a oração, e depois de tanto tempo é hora de me aproximar do perdão do Senhor. Irmãos e irmãs, encontremos algo concreto e realizemo-lo! Que nos ajude Nossa Senhora, em cujo ventre Deus se fez carne.