Meus advogados
Padre Salathiel de Souza (Padre Sala)
Missionário da Diocese de Jundiaí em Roraima
Qualquer brasileiro minimamente interessado na realidade nacional há de convir que o Poder Judiciário anda com a moral baixa nos últimos anos. Foi-se o tempo em que ninguém sabia o nome dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Foi-se a época também, para tristeza geral da nação, em que estes eram figuras realmente ilibadas, de comprovada tradição e competência jurídica.
Advogar é uma das mais nobres atividades humanas. O universo das leis humanas tem origem nas leis divinas. Na Igreja, temos até o Código de Direito Canônico. Infelizmente, muitos estão se esquecendo disso. Há maus advogados que ignoram valores como a verdade e justiça, por mais contraditório que isso possa ser. São os que desvirtuam as leis em benefício próprio ou a serviço do crime organizado.
Felizmente temos muitos bons advogados, homens e mulheres cujo ideal é atuar em nome da verdadeira Justiça em benefício da sociedade. Podem parecer a minoria, mas ledo engano: trabalham muito e silenciosamente. Levam uma vida dedicada à prática e ao estudo do Direito, defendendo valores sagrados a qualquer pessoa de boa fé.
Tenho muitas amizades no ramo do Direito, entre eles vários advogados e advogadas. Nunca precisei do serviço deles, somente alguns conselhos e para questões simples. Às vezes os consulto para obter opiniões sobre o cenário jurídico nacional, saber o que anda pensando a classe como um todo, etc. E sempre rezo por todos, confiando-os também à intercessão de Santo Ivo, cuja memória é celebrada liturgicamente em 19 de maio.
Se podemos contar com todo um aparato jurídico, legislações e profissionais do Direito para lidar com as questões terrenas, não podemos esquecer que os cristãos temos também toda ajuda necessária para sermos fiéis às leis divinas. Esta nos vem do próprio Espírito Santo do Cristo Ressuscitado. Esse presente divino, de termos a terceira pessoa da Santíssima Trindade atuando a nosso favor, é o que comemoramos na festa de Pentecostes.
A promessa de Jesus é cumprida quando envia sobre Maria de Nazaré e os Apóstolos aquele que chamou de Paráclito, palavra de origem grega que significa “aquele que consola ou conforta; aquele que encoraja e reanima; aquele que revive; aquele que intercede em nosso favor como um defensor numa corte”. Sempre precisamos e, nestes últimos tempos ainda mais, da força do Espírito Santo atuando em nossas vidas e a nosso favor.
Muitos podem passar por esta terra sem a necessidade de enfrentar um tribunal. Porém, nenhum ser humano deixou de comparecer ao tribunal celeste ao fim de sua vida natural. Sim, teremos o nosso julgamento diante de Deus, o único Juiz. O Cristo julgará a cada um, pois esse poder lhe foi dado pelo Pai. O diabo acusador, listará todas as nossas culpas. E somos mesmo culpados dos nossos próprios pecados. Mas temos um defensor, o Paráclito. Ele nos inspira e ajuda, para não sermos condenados.
Como o Espírito Santo nos ajuda? Se o deixarmos agir livremente. É ele quem nos inspira as boas obras, abre nossa mente para o entendimento, faz-nos testemunhar os valores do Evangelho, etc. É o Paráclito quem nos dá forças, vindas do céu, para deixarmos de lado o “homem velho” e nos tornarmos novas pessoas, em Cristo Jesus.
Temos ainda a Virgem Maria, “advogada nossa”, como se reza na Salve Rainha. A Mãe de Cristo é verdadeira “esposa do Espírito Santo” e co-redentora, ou seja, também nos auxilia na grande obra que Deus quer realizar na vida de cada um. Sempre atenta às necessidades de seus filhos adotivos, Maria de Nazaré certamente também terá algo a nosso favor para apresentar diante do tribunal celeste. Por isso, cada terço rezado é uma prova a nosso favor.
Como sempre provou o cenário político nacional, no Brasil quem tem bons advogados jamais é condenado ou preso de verdade. Defendidos pela força do Espírito Santo e pelo amor maternal de Maria, só se condena mesmo quem quer, ou seja, quem propositalmente rejeita a salvação que vem de Cristo. Então, pensando na nossa passagem para a próxima vida, façamos o necessário para não sermos condenados ao inferno, mas absolvidos para o Céu.
Amém!