Leituras iniciais do 34º Domingo do Tempo Comum – Solenidade Cristo Rei
Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj
1ª Leitura (Daniel 7,13-14)
Não dá para entender os dois versículos desta leitura se não os cotejarmos com o restante do trecho em que estão inseridos. O capítulo 7 começa dizendo que Daniel, numa dramática visão noturna contempla, saindo do mar (símbolo da desordem, do caos), quatro grandes animais (Dn 7,2-8).
O próprio autor explica: trata-se dos grandes reinos que se sucederam no mundo e que oprimiram o povo de Deus. O leão é a Babilônia, o urso e o leopardo representam outros povos dominadores (Média e Pérsia). A quarta fera, a mais terrível de todas, simboliza o reino de Alexandre Magno e seus sucessores, entre eles Antíoco IV, perseguidor dos israelitas fiéis ao seu deus.
É neste ponto que se insere o texto da nossa leitura. Daniel continua: “vi um ser semelhante ao Filho do Homem, vir sobre as nuvens do céu”. Quem é ele? A quem representa? Não vem do mar, como os quatro monstros, mas do céu. Ele representa todo o povo de Israel que depois da grande tribulação recebe de Deus um reino eterno, que nunca será destruído.
A profecia se realizou em toda a sua plenitude só com a vinda de Jesus. É ele o “Filho do Homem” que dá início ao Reino dos Santos do Altíssimo (Marcos 14,62). Antes dele, os reinos que se sucediam sempre se inspiravam no mesmo brutal princípio: o domínio do mais forte.
Nós também, como os israelitas, constatamos que neste mundo os novos dominadores pouco ou nada mudam porque se inspiram nos mesmos princípios: a exploração, a violência, a arrogância, não só no campo político, mas no econômico, no social, na escola, no esporte e às vezes até mesmo na comunidade cristã.
Ocorre-nos uma pergunta: mas essa corrente nunca será quebrada? O mundo continuará sempre à mercê destas forças da morte?
Não! – responde a leitura de hoje. O reino do mal não terá uma duração eterna. Jesus deu início ao novo Reino que jamais terá fim e que crescerá sempre mais. não obstante as perseguições.
2ª Leitura (Apocalipse 1,5-8)
O Livro do Apocalipse foi escrito, em uma pequena ilha do mar Mediterrâneo (Patmos), por um cristão que foi confinado lá por ter anunciado o Evangelho, com a sua pregação e a sua vida.
Com essa obra ele tem a intenção de infundir coragem para os irmãos da sua comunidade que está ameaçada de dispersão por causa da cruel perseguição. Começa lembrando aos cristãos uma verdade fundamental da sua fé: “Cristo é o príncipe dos reis da terra” (vers.5).
Os chefes das nações têm a convicção de serem os árbitros dos destinos dos povos, mas existe um soberano superior a eles, que sabe direcionar até mesmo a maldade dos dominadores deste mundo para a construção do seu reino de paz. Eis a razão da esperança para todos aqueles que ainda hoje são vítimas de injustiças.
A última parte da leitura (vers.7-8) retoma as palavras de Daniel: “Eis que ele (Jesus) vem do meio das nuvens e todos poderão vê-lo”. É a celebração da sua vitória.