A Igreja cumpre o seu caminho
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São mudanças necessárias

por Evandro Antonio Correia

Atravessando as várias épocas e a suas revoluções, a Igreja faz o seu caminho. O seu direito a acompanha, está ao seu serviço, mas, ao mesmo tempo, insere-se no mundo. No caminho de dois mil anos assistiu-se à justaposição de princípios imutáveis e normas efêmeras.
O tempo das decretais e dos cânones dos concílios parece já superado!
As três codificações que, depois de 1917, fixaram o Direito Canônico, muitas vezes o adaptaram, mas raramente o modificaram. À época das leis se substituiu à das «instruções».
Também, já passado mais de um século (Rerum novarum, 1891), graças a algumas grandes Encíclicas, o papado tem feito ouvir a sua voz relativa a problemas da ordem do mundo e suas relações internacionais, da vida política ou familiar, das relações sociais. O direito se insere em uma reflexão sobre a sociedade, sobre o Ser Humano e sobre o seu destino. Renova os fundamentos do «Louvor a Deus e à Santificação dos Fiéis», nesse novo estilo que exprime uma nova concepção e credibilidade na «missão da Igreja no mundo».
Os tempos modernos tem constrangido a certas renúncias. Prestígio. Poder. Riqueza. Privilégios. Aparatos superficiais litúrgicos. Elas não estão mais em primeiro lugar. Nem sempre foi fácil renunciar a tudo isso; entretanto, não faltaram condenações, resistências, apelos a direitos «imprescritíveis» e até mesmo invocações à Lei divina… Sendo que tantas eram leis positivadas, humanas! Algumas dessas renúncias apareceram como sinais de impotência diante de medidas de privação, como a secularização dos bens eclesiásticos que caracterizaram, em toda a Europa, a História dos últimos tempos. Outras fizeram apelo a uma maior Caridade («pobres com os pobres»), ou a aceitar certos princípios que estão na base dos Estados modernos, por exemplo, a igual submissão de todos à Justiça do Estado, desaparecendo, assim, o «foro privilegiado» no direito do século XX.
Muito além das renúncias, por fim, aceitas, a Igreja se adaptou ao mundo moderno e, particularmente, a um dualismo, isto é, às duas sociedades. Todos os seus fiéis, os batizados (clérigos, religiosos e leigos), são os cidadãos dos seus Estados de nascimento. Eles participam da vida política de seus países em maior ou menor grau (são eleitores, mas nem todos elegíveis; contribuem com seus impostos; prestam serviço militar; julgados por crimes hediondos sexuais e financeiros). Para alguns isso é considerado escândalo, para outros um alívio! E, ainda bem, a Igreja não contesta mais a soberania dos Estados.
O mais importante é a ação constante de catequese, de conforto, de explicação da doutrina e das Sagradas Escrituras (pareceu-me sempre um medo bobo, que acabou sendo capotado pela Reforma protestante). Diminuir o estilo hierático e condenatório, faz com que a misericórdia divina, da longínqua narração evangélica, esteja mais próxima e se concretize nas nossas vidas, dos fiéis batizados em Cristo.
E cabe, aqui, a pergunta feita por Jesus a Pedro após a ressureição (Jo 21).
Qual era mesmo…?
Pedro, sabes Filosofia…? Alemão…? O Rito Pio V…? Todas as métricas da poética clássica…? Espanhol…? Direito canônico…?
AMAS-ME, Pedro? Apascenta as minhas ovelhas!
Até a próxima!

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