Colégio Coração de Maria (em Santana) (2)
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Em cenário tão lindo, tudo parece sorrir. Sob a guarda do Hóspede Divino do Tabernáculo, mestras e alunas entregam-se às fainas escolares. Ecoam pela colina os compassos alegres das cantigas risonhas entoadas nos recreios. O inimigo, porém, não pode se alegrar, ao ver o sucesso coroar o apostolado das intrépidas Irmãs. É preciso implantar novamente a intranquilidade na grei de Madre Teodora. Esta fundação deveria custar-lhe mais desprazer e preocupações que todas as outras.
Transcorridos apenas alguns meses, começam a aparecer, nas paredes do estabelecimento, fendas, que aumentam de dia para dia. Que fazer? Periga a casa, há iminência de uma desgraça. Um construtor sem consciência ludibriara o Padre Hipólito, empregara material de péssima qualidade, e o prejuízo recai todo sobre as Irmãs.
Madre Virgínia da Divina Providência, que traz no nome uma confiança ilimitada nos desígnios divinos, vê a impossibilidade de reparar o que fora tão mal construído. A solução é demolir para depois reconstruir. Madre Teodora dá-lhe a mão e juntas, empreendem a gigantesca tarefa. Recorrem a banqueiros, conseguem dinheiro em condições vantajosas, e deixando ao Divino Arquiteto o desenrolar da construção, encimam o outeiro com magnífico prédio, dotado de todos os melhoramentos necessários para instalação do internato, reservada uma boa parte para o orfanato, menina dos olhos de Madre Teodora em todas as suas fundações.
Conhecido como o popular Colégio de Santana, no entanto, sob a proteção do Imaculado Coração de Maria é que se desenrola a vida de mestras e discípulas. A imagem para o altar mor da capela é conseguida de maneira interessante. Em visita a um santuário, em companhia das colegiais, Madre Virgínia é atraída pela beleza de uma estátua do Coração de Maria aí existente. “Oh! eis aí o que desejo para nossa capela”, diz a bondosa Irmã dirigindo-se ao proprietário da mesma. “Poderia encomendar uma igual para nosso Colégio?” Resposta afirmativa; pagamento por ocasião da entrega. Madre Virgínia não cabe em si de contentamento, e na sua singeleza, dirige à Mãezinha do céu encantada, esta prece: “Eis-vos encomendada, Senhora; fazei por vir agora sem pagamento, pois sabeis que sou pobre”! Que sorriso encantador há de ter esboçado a Virgem em seu nicho! Meses depois, em um dia de chuva torrencial, batem à porta do educandário. É um carregador sobraçando pesada caixa com o dístico “Frágil.” Abrem-na e por entre as palhas da embalagem, surge alva e linda, a estátua sonhada. E bem de acordo com o pedido: ofertada graciosamente pela família Ismael Dias…
Chega a celeste hóspede, e com ela chegam novas bênçãos a coroar a obra, que já tivera o seu batismo de dor, mas que, dali por diante, seria o farol resplandecente a iluminar as inteligências paulistas, dourando-as no conhecimento das ciências profanas, conduzindo-as sempre pela vereda sagrada da honra e do dever, aprendido na escola do Divino Mestre.

13 de julho de 1957