Família: “reflexo de Deus em nossas vidas”
Viver em família não é fácil, mas “enquanto existir união, amor e confiança de um para com o outro, o amor de Deus estará sempre presente.” É assim que o diácono permanente Paulo Halter expressa sua certeza de que a família pode ser a presença do amor de Deus em nossas vidas.
Em entrevista ao jornal “A Federação”, ele falou sobre a importância do diálogo aberto na convivência familiar, a necessidade de enfrentar as dificuldades e de procurar ajuda quando necessário, além do papel da Igreja no apoio às famílias. Ele destacou também a importância das reflexões propostas pelo Papa Francisco para o Ano “Família Amoris Laetitia”, que vêm sendo publicadas pelo jornal.
Paulo Halter é casado com Neuza há 39 anos, sendo pais de Paulo Matheus (In memoriam), Talissa, de 34 anos, e Thomaz, 31. E são avós de Joaquim, de 5 anos, Helena, de 1 ano e 4 meses, e Diana, de 1 ano e 10 meses. Paulo hoje é aposentado, tendo trabalhado como metalúrgico por 46 anos na empresa Starrett.
Na Igreja, participou da Comunidade JUCRISTI (Jovens Unidos em Cristo), que se reunia na Capela de Santo Antônio, na vila de mesmo nome, na época integrante da Paróquia Nossa Senhora Aparecida. Também foi atuante nos Vicentinos e na comunidade de São Pedro e São Paulo, na Vila Ianni, na mesma paróquia (as duas comunidades hoje fazem parte da Paróquia Senhor do Horto e São Lázaro). Paulo Halter foi ordenado diácono permanente em 2012 e, desde então, atua na Paroquia Nossa Senhora da Candelária, onde acompanha a Pastoral de Assistência Social, entre outras atividades.
Jornal “A Federação”: Nas reflexões deste mês, o Papa Francisco nos diz que a família “reflete o mistério de Deus, que é o amor familiar, a comunhão de amor entre um Pai e um Filho”. Você acredita que, nos dias de hoje, a família pode realmente ser esse reflexo do amor de Deus? Como podemos fazer isso nas situações do dia a dia?
Diácono Paulo Halter: Quando falamos em família, acreditamos que nela existe o diálogo entre o casal e do casal com seus filhos. E, havendo esse diálogo, há um amor reciproco, o amor fraterno que é o centro de toda uma vida cristã. Portanto, eu acredito, sim, que a família pode ser o reflexo do amor de Deus, mesmo nestes tempos conturbados em que vivemos, em que a mídia e muitos outros meios de comunicação nos transmitem notícias e assuntos que desagregam a família. Acredito que quando a família é unida e tem Deus em seu lar, ela se torna o reflexo do amor de Deus e, vivendo nesse amor, tudo aquilo que está ao redor da família e que pode manchar sua imagem é superado. Portanto, enquanto existir essa união, o amor e a confiança de um para com o outro e para com seus filhos, o amor de Deus estará sempre presente.
JAF: O Papa Francisco destaca que “o amor autêntico é sempre fecundo”. Mas muitas vezes a fecundidade do casal é entendida apenas como a capacidade de gerar filhos naturais. De que forma(s) a família pode gerar vida?
DPH: Sempre que falamos sobre a família, a primeira ideia que surge é a de um casal com seus filhos. Mas, pela vontade de Deus, essa nem sempre é a realidade. Para Deus, a união do homem a sua mulher, formando uma nova família, é uma bênção. E através dessa união, vivendo uma vida cristã com o amor a Deus, ambos podem gerar vida e vida nova para o próximo. Observemos que há muitas famílias com seus filhos, mas há também outras famílias que, pelos desígnios de Deus, ainda não tiveram a alegria de terem seus filhos naturais, porém algumas dessas famílias buscam sua alegria na adoção de um filho. São famílias que, além de suas atividades profissionais ou domésticas, colocam-se a serviço do próximo em suas comunidades, dedicando-se a passar sua vivência familiar de amor autêntico, sob o olhar da Palavra de Deus. E, através dessa experiência de vida cristã, geram exemplo de vida ao próximo.
JAF: Em seus depoimentos, o casal Pedro e Trinidad fala sobre a importância de os pais transmitirem a fé aos filhos, mas lembram que eles não são propriedades dos pais. Como a família pode conciliar o papel de ensinar os princípios da fé cristã e respeitar cada filho em sua individualidade e em suas escolhas?
DPH: A princípio, o casal deve ser o exemplo para os seus filhos de como administrar o lar na vivência cristã, transmitindo a eles segurança e o essencial para a sua fé na Palavra de Deus, mostrando a necessidade dessa vivência para quando forem adultos. O casal deve estar sempre atento às escolhas e atitudes de seus filhos, orientando-os sempre que houver necessidade, porque nem sempre podem ser as melhores escolhas e atitudes. Porém, isso deve ser feito com o melhor diálogo e sempre respeitando os anseios dos filhos, não se esquecendo jamais que um dia o casal também deixou seu pai e sua mãe para colocar em prática os seus anseios e, pelas bênçãos de Deus, formaram uma nova família.
JAF: O Papa pede que as famílias “vivam com coragem e serenidade cada desafio familiar, seja ele triste ou emocionante”. A Igreja pode dar apoio aos casais e famílias que passam por esses desafios? De que forma?
DPH: Sim, a Igreja pode e deve dar apoio a esses casais, quando solicitada. Também acontece muitas vezes de um casal ou uma família estar em dificuldade, mas por medo, receio ou vergonha não procuram auxílio e acabam se desviando e se esquecendo de Deus e de que, possivelmente, poderiam encontrar na Igreja a solução para seus problemas na Igreja. Nesses casos, desde que esteja ciente, entendo que a Igreja deve procurar esse casal para uma conversa. Através de seu pastor paroquial, que se coloca a serviço para ouvir os problemas e as dificuldades do casal, a Igreja pode oferecer um apoio espiritual e, se necessário, orientá-los em como agir em suas dificuldades.
JAF: O jornal “A Federação” está publicando semanalmente os subsídios do Ano “Família Amoris Laetitia”, para estudo e reflexão das famílias. Você acredita que essas reflexões podem ajudar?
DPH: Sim, acredito que podem ajudar porque todos os subsídios e reflexões que o Jornal A Federação nos traz semanalmente, sempre têm um conteúdo muito rico da Palavra de Deus para reflexão em família. E, além do mais neste ano que foi instituído como Ano da Família por Sua Santidade o Papa Francisco podemos ver suas colocações semanalmente sobre a família, onde neste mês nos apresentou o exemplo da família de Pedro e Trinidad com seus filhos.
JAF: Para encerrar, que mensagem você deixaria para as famílias?
DPH: De coração, quero dizer o quanto é importante ter uma família, ser família. Família que vive os ensinamentos de Deus Pai e de Jesus Cristo, seu Filho, e tem em seus lares a presença de sua e nossa Mãe, Maria Santíssima. Família que sabe a importância de ensinar aos seus filhos a fé cristã. Família que se reúne para pedir, mas principalmente para agradecer ao Senhor por tudo o que Ele nos dá em nossa vida. Sabemos que muitas famílias estão passando por momentos difíceis, seja por falta de trabalho, por doenças, pela perda de um ente querido – essa pandemia que nos causa receio, medo e isolamento até familiar. No entanto, não devemos jamais nos esquecer de que Deus se faz presente em nossas vidas. Neste ano em que celebramos a família, não nos esqueçamos da Sagrada Família de Nazaré, que também passou por muitas dificuldades, e lembremos das palavras de Jesus: “Não se perturbe o vosso coração! Vós credes em Deus, crede em mim também! (…) Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.” (Jo 14,1-6) Neste mês em que comemoramos Maria, peço a Ela que interceda a Deus Pai e a Jesus, seu Filho, que derramem copiosas Graças e Bênçãos a todas as famílias.