Jesus está vivo entre nós!
Compartilhe

Cristo Ressuscitou! Ele habita entre nós! A Páscoa já é uma realidade em nossos corações. A notícia de que Jesus venceu a morte não pode permanecer em segredo, deve ser anunciada a todos os povos da Terra. Como os discípulos de Emaús, que aprenderam pelo caminho as verdades mais profundas da história da salvação e colocaram-se a espalhar a Boa Nova, somos chamados a dar passos em nossa vida diocesana. O tempo de passagem, de Páscoa, que estamos vivendo, é o mais oportuno para iluminarmos nossa peregrinação com as inspirações do Espírito sobre como podemos caminhar melhor na direção do Reino que vem. Nesse sentido, gostaríamos de anunciar a publicação nas próximas semanas da primeira Carta Pastoral de nosso episcopado, direcionada a todo povo de Deus da Diocese de Jundiaí.

À luz dos ensinamentos de nosso amado Papa Francisco, que tem nos impulsionado a buscar uma renovação de nossas práticas pastorais na direção de uma “Igreja em Saída”, proporemos caminhos de direcionamento para nossa missão evangelizadora. Uma Carta Pastoral, a exemplo do que meus predecessores fizeram, é uma inspiração que emerge de um coração de Pastor. Essa é a maior missão de um Bispo em uma igreja particular que lhe é atribuída: Ser Pastor! Conduzir o rebanho que lhe foi confiado ao Coração de Cristo. Desse modo, a Carta Pastoral que será lançada percorrerá as trilhas da alegria, pelas quais procuro encaminhar meu ministério episcopal, na direção do Amor infinito de Deus. Mais do que um manual de instruções pastorais objetivas, a Carta Pastoral é uma reflexão que procura apontar direções, inspirar ações e iniciar processos.

O pastor, quando deseja conduzir bem suas ovelhas, coloca-se junto delas, escuta seu balido, procura descobrir onde dói. O pastor educa pela escuta. Assim, através da Carta Pastoral, não pretendemos condicionar nossas ações evangelizadoras a métodos e ideários pré-definidos, mas cultivarmos processos de escuta ao Espírito que age no mundo. Trata-se de um convite para abrirmos nossos corações e mentes para o Senhor, que nos conclama a revisitar nossas ações face os desafios do tempo presente que exigem uma resposta de cada fiel batizado.“As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo” (Gaudium et Spes, 1). Deixemo-nos conduzir pela alegria do Cristo Ressuscitado de Emaús, que fica ao nosso lado, caminha conosco, ouve nossos dramas e sonhos e nos ensina a tomar parte no banquete do Amor.

Os passos que desejamos dar na direção de uma “Igreja em Saída” serão apresentados, na Carta Pastoral, em três “Eixos de Orientação”, que servirão de direcionamentos de processos de escuta e ação para a Diocese de Jundiaí. Por “Eixo de Orientação Pastoral” tomamos um exemplo que é oriundo da própria física. É um eixo que transmite o movimento para um determinado objeto. É dele que provém a força para que um caminho comece a ser percorrido. Nesse sentido, os “Eixos de Orientação Pastoral” servirão como força motriz das ações de evangelização diocesana. Neles, contemplamos três prioridades: a Sinodalidade, a Formação e a Comunicação. É importante destacar que esses três eixos estão integrados num processo de diálogo, produção de conteúdos, desenvolvimento de interesses em comum e iniciativas pastorais a serem pensadas e promovidas colegiadamente.

Por sinodalidade, lembremo-nos de que a Igreja é, antes de tudo, comunhão! É imagem da família Trinitária, unida na perfeição do amor que transborda na criação e resplandece no rosto de cada pessoa humana, constituída à sua imagem e semelhança. É na unidade dos seus membros que a Igreja encontra sua força! Unidade que nunca deve ser confundida com uniformidade. É o Espírito Santo quem conduz a Igreja. Nela, as grandes decisões são sempre provenientes da oração silenciosa e da atenta escuta da Palavra de Deus que nos ensina de diferentes modos. A sinodalidade da Igreja deriva de sua catolicidade, pois, por força dela, “cada parte contribui com os seus dons particulares para as demais e para toda a Igreja, de modo que o todo e cada parte crescem por comunicação mútua e pelo esforço comum em ordem a alcançar a plenitude da unidade” (Lumen Gentium, 13). A Carta Pastoral nos convidará a estarmos bem atentos aos sinais dos tempos e a discernirmos ações específicas por um processo colegiado em nossas paróquias, setores e pelas recém-criadas Foranias. Cremos, através da sinodalidade, crescer no diálogo e, assim, promover a descentralização de direcionamentos pastorais, adequando a evangelização a cada realidade de nossa diocese.

Nossa Carta Pastoral oferecerá também uma reflexão sobre o sentido da formação para nossa Igreja Particular, sempre tendo como referência a pessoa de Jesus Cristo, Mestre da Verdade. Desde os seus primórdios, a Igreja compreendeu a necessidade de se propor um itinerário formativo que, além de contemplar as etapas da evangelização e da catequese, propõe outros momentos que corroboram para o pleno amadurecimento do discípulo-missionário. A formação cristã deve ser integral, abrangendo todas as dimensões humanas, pois “não se encontra nada verdadeiramente humano que não ressoe no coração da Igreja” (Gaudim et Spes, 1). O conhecimento das Sagradas Escrituras, da Tradição e dos Ensinamentos do Magistério da Igreja, no entanto, deve sempre constituir a base de toda formação genuinamente cristã. Mais do que um percurso intelectual, trata-se de apresentar a formação como um caminho de discipulado.

Por fim, abordaremos em nossa Carta Pastoral o Eixo Comunicação. Partiremos do princípio fundamental de que a Trindade é pura Comunicação de Amor. Desse modo, procuraremos iluminar nossas práticas pastorais com uma reflexão sobre os caminhos pelos quais o Verbo encarnado é anunciado nos dias de hoje. Entendemos que nossos maiores desafios não são de ordem teológica, mas metodológica. Por isso, procuraremos iniciar processos pelos quais a comunicação nos conduza à comunhão! O Papa Francisco aprofundou a temática da comunicação colocando como fundamento central as relações interpessoais, a centralidade do humano, o diálogo e a escuta. Isso deve atingir os diversos meios de comunicação em nossas comunidades, alcançado inclusive os desafios trazidos pelo mundo virtual.

Amados irmãos e irmãs, a Páscoa é o tempo da alegria. E não há alegria maior do que vivermos entre irmãos, na liberdade de filhos e filhas de Deus, a caminho do Reino definitivo. Somos uma Diocese vibrante, repleta de iniciativas de evangelização e rica em diversidade pastoral. Como Bispo, sinto-me cada vez mais unido a todos vocês e espero confiante, através da Carta Pastoral, promover, pela sinodalidade, uma comunhão autêntica. Para isso, formemo-nos pela força do testemunho, iluminados pela diaconia, isto é, pela capacidade de servir! Conto com cada um de vocês na divulgação da nossa Carta Pastoral. Promovamos sua leitura em nossas comunidades paroquiais.
Sejamos como os discípulos de Emaús, que ao levantarem-se do banquete com o Senhor, saíram ao encontro dos irmãos para anunciar com alegria a certeza daquilo que aprenderam no caminho: Jesus está vivo entre nós!

Dom Arnaldo Carvalheiro Neto
Bispo Diocesano de Jundiaí