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por Diác. Edson Moura
Com. São Luiz Gonzaga
Ordinariado Militar

“Dai a Deus o que é de Deus”

A liturgia deste 30º domingo do tempo comum, nos mostra de maneira inquestionável que à lógica de Deus tem no centro o amor, personificado na pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo,
O Evangelho nos leva a compreender que toda revelação de Deus se mostra no amor a Deus e ao próximo; seria impossível de nossa parte dizer que amamos a Deus se odiamos nosso próximo que é a imagem e semelhança de Deus.
No Evangelho temos novamente a dureza do coração dos líderes judaicos que, instalados ainda em sua arrogância e autos suficiência, já decidiram que a proposta de Nosso Senhor não vem de Deus e, portanto, decidem rejeita-la e mais do que isso pegar Jesus em qualquer palavra que lhes deem a chance de condená-lo.
Depois da tentativa de apanhar Jesus em contradição com relação a necessidade ou não de pagar imposto a Cesar, apresentam a Jesus a pergunta do maior mandamento da Lei, e com isso procuram demostrar que Jesus não sabe interpretar a Lei e portanto sua proposta não tem crédito, pois a questão do maior mandamento da lei entre os fariseus e doutores da lei já não era uma questão pacífica e sim uma situação de muitos debates por conta de preceitos e proibições.
A resposta do Senhor “Amarás o Senhor o teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o seu entendimento e ao próximo como a ti mesmo”, desconcerta novamente os fariseus e doutores da lei, pois Jesus não define qual o maior, mas mostra a raiz de todos os mandamentos o amor, que na perspectiva e ensinamento de Jesus gira em torno do amor a Deus e ao próximo, dizer, portanto, que “nestes dois mandamentos se resumem a Lei e os Profetas” significa que eles encerram toda a revelação de Deus, que eles contêm a totalidade da proposta de Deus para os homens.
Nos relatos do Evangelho, Nosso Senhor não demonstra preocupação excessiva com os ritos litúrgicos propostos pelos judeus, e sim em discernir a vontade do Pai, cumprindo-a com fidelidade e amor, portanto amar a Deus é estar atento aos seus projetos e desafios na vida do dia a dia, o que passa pelo amor ao próximo, amor que não impõe limites e sim entrega, pois amar o semelhante não é compactuar com o pecado, e sim contribuir com a conversão, lembrando sempre que Deus é contra o pecado e não contra o pecador, e nisso devemos nos assemelhar a Ele, não podemos dizer que amamos a Deus se odiamos o irmão feito a imagem e semelhança de Deus, há uma incompatibilidade neste comportamento.
Hoje nos preocupamos com muitas coisas que são importantes (liturgia, pastorais, palestras, catequese), mas esquecemos o que deve estar no centro de todas essas coisas que é a proposta de Jesus, o amor a Deus e ao próximo que nos leva a assumir as propostas e desafios de Deus, seria muito importante fazermos sempre um exame de consciência para verificar o que nos impede de compreender e viver este amor.
Amar a Deus passa pela condição de escutar e ouvir a Palavra de Deus e acolher o seu projeto de vida pela obediência total a esse projeto que passa por toda a comunidade. Tenho ouvido e escutado a Palavra de Deus, mantendo com o Senhor um diálogo pessoal que me coloque ao Seu serviço e do próximo? Ou tenho me fechado no egoísmo e autossuficiência que me torna insensível as necessidades do próximo?
Amar os irmãos significa estar atento às necessidades de todos, sem exceção, que cruzam nosso caminho, sendo solidário com os sofrimentos e necessidades, alegrias e tristezas fazendo da nossa vida que é um dom de Deus um dom de entrega a todos; nem sempre nossas orações são por palavras e sim podemos rezar com a própria vida amando ao próximo em suas necessidades. Precisamos a cada dia redescobrir o amor, buscando em Deus esse amor para partilhar com os irmãos. Nossa vida é posta a serviço do próximo sem exceção, aproveitando as oportunidades que Deus nos propõe de amar, ou escolho a quem amar?
Jesus Cristo cumpriu a vontade do Pai, esvaziou-se de si mesmo, obediente até a morte e morte de cruz, dando-nos a vida por amor, não escolheu por quem morrer e ressuscitar, o fez por todos sem exceção. Gastou a sua vida por amor de todos nós, perdoou a todos sem exceção.
Que Deus nos ajude a ser sal da terra e luz do mundo.

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