Missão Romana dos Jesuítas em Itu – Padre Giuseppe Maria Mantero
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por Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”

Um dos jesuítas de maior prestígio no Brasil de seu tempo foi o padre Mantero, afinal conquistou o respeito das elites políticas e econômicas do país. Para se ter ideia, em 1890, quando veio o regime republicano e se cogitava a expulsão da Companhia de Jesus do Brasil, através de cláusula na Constituição, foi ele quem conquistou a permanência da Ordem junto ao presidente, Marechal Deodoro.
Mantero nasceu em Ceriana, na Liguria, a 18 de maio de 1839. Estudou na escola anexa ao Colégio Romano dos jesuítas. Aos 16 anos, em 29 de maio de 1855 ingressou na Companhia de Jesus. Se no início era admirado pela espiritualidade extrema, surpreendeu os superiores pela formação cultural e religiosa invejável. Aos alunos melhor aplicados os jesuítas reservavam uma avaliação final muito criteriosa. Resultado dela seriam os últimos votos de pobreza, obediência e castidade. Aos mais distintos, como Mantero, cabiam os “votos solenes”.
Entre os jesuítas dizia-se que os alunos melhor aplicados eram aproveitados nos colégios europeus. Quando Mantero revelou ao superior o desejo de ser missionário, ouviu dele que seria encaminhado ao Brasil. E o padre ainda emendou: “agora conhecerão que, de modo algum é verdade que àquelas missões se enviam os refugos.”
Mantero apresentou-se ao superior da missão, em Recife em fevereiro de 1872. Aguardou destinação por um ano. A 1º de fevereiro de 1873 chegava a Itu para a função de ministro do colégio, responsável pelo bom andamento da escola e da residência. Por quatro anos se desdobrou pelo sucesso do São Luís, mas infelizmente o número de alunos não passava de sessenta. Quando foi nomeado reitor, a 2 de fevereiro de 1877, deu início ao que seria o período áureo do educandário. Granjeou respeito e admiração pela educação jesuítica em toda a parte, inclusive na Corte. Visitava o Rio de Janeiro anualmente, trazendo novos alunos para Itu. Ao longo de dez anos elevou-se o número de educandos para seiscentos. Foi também o tempo da ampliação do magnífico edifício escolar.
Mantero elevou o colégio não só em números, mas em dignidade equiparando-o ao Colégio Pedro II. O ensino se tornou excelente e as festividades só atraíam figurões de todo o país. Eles retornavam maravilhados com as instalações do colégio e o que se fazia nele.
A partir de 1888 Mantero acumulou a função de Superior da Missão Romana no Brasil, abrindo novos colégios e casas próximas à Corte. Instituiu também um noviciado para brasileiros ingressarem na Companhia de Jesus.
Mesmo com tamanha ilustração e prestígio, Mantero nunca deixou de ser um homem humilde e obediente. Enfraquecido pela epilepsia, foi à Itália tratar-se. Logo depois deixou as funções administrativas para viver serenamente a espiritualidade inaciana.
Faleceu no colégio São Luís em 13 de dezembro de 1898. Sua morte foi noticiada pelos grandes jornais do país.
Aos apaixonados pelo esporte vale lembrar que Mantero foi o introdutor do futebol no Brasil (em Itu)!

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