Madre Teodora por Cecília Bispo
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A partir da próxima semana, o jornal A Federação publicará, semanalmente, um documento histórico: o conjunto de palestras radiofônicas proferidas por Cecília Bispo (1918 – 1992) nas celebrações do centenário da chegada da Venerável Madre Maria Teodora Voiron (1835 – 1925) a Itu e fundação do Colégio de Nossa Senhora do Patrocínio.
Em 2014, a escritora Leonor Zaparolli Carpi tomou a iniciativa de doar ao acervo do Museu da Música – Itu um conjunto de documentos, fotografias e textos de sua patrona na Academia Ituana de Letras, a Cecília Bispo (Cadeira 21), material higienizado e organizado em 2016. Tais originais lhe foram oferecidos pelo irmão da Cecília, o Prof. João dos Santos Bispo.
Em meio à documentação havia a série de alocuções radiofônicas lidas por Cecília Bispo através da Rádio Cacique, entre 1957 e 1958 em um programa semanal chamado “O Centenário do Patrocínio”.
Em 2018, centenário da autora, 160 anos da chegada das Irmãs de São José, o material foi transcrito com atualização ortográfica, corrigido e publicado em parceria entre ACADIL, Museu da Música – Itu e Biblioteca Histórica Padre Luís D’Elboux com apoio cultural da empresa STARRETT.
Maria Cecília Bispo Brunetti era ituana, nascida a 22 de setembro de 1918, filha de Joaquim Luís Bispo e Aurora Esteves dos Santos. Após estudar o curso primário no Externato do Patrocínio, passou ao internato (1928), para o ginasial e a Escola Normal, formando-se em 1936. No ano seguinte ela se mudou para São Paulo para cursar Filosofia e História no Instituto Sedes Sapientiae, formando-se em 1939. Retornando a Itu, Cecília Bispo foi professora de História da Civilização em escolas públicas e no Patrocínio.
Em 1952 casou-se com Pedro Brunetti e continuou vivendo por 30 anos no célebre sobrado da família, na Rua Floriano Peixoto, esquina com o Becão. O casal não teve filhos.
As crônicas que serão publicadas revelam a formação humanística e religiosa da autora, intelectual engajada em defesa do Catolicismo. A sua juventude coincidiu com um tempo de formação de líderes católicos, preparados para enfrentar projetos liberais de um Estado laico. Assumiu proeminência no cenário local, em companhia de outros jovens intelectuais, seja através do jornal A Federação ou em movimentos religiosos.
Cecília herdou do pai a facilidade de falar em público e a obstinação pela apologia da religião. Geralmente falava de improviso, diferente das alocuções que veremos nas próximas semanas.
Como ex-aluna do “Patrocínio”, Cecília compôs a Comissão de Imprensa e Propaganda na celebração do centenário do Patrocínio, empenhada na divulgando de aspectos da vida da Venerável Madre Maria Teodora baseando-se em dados do livro “Uma alma de fé – Madre Maria Teodora Voiron, fundadora da Província Brasileira das Irmãs de São José, de Chambery (1835 – 1925)” de Olívia Sebastiana da Silva, publicado em 1948, pela editora Ave Maria.
O texto tem características como interjeições e reticências porque foi escrito para dar suporte à entonação e oralidade (discurso) da talentosa autora que tive o privilégio de tão bem conhecer.

Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica
“Padre Luiz D’Elboux”