Refletindo
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por Nilo Pereira

Leituras iniciais do XXVII Domingo do Tempo Comum

1ª Leitura (Is 5,1-7)
Isaias faz de conta que é amigo de um agricultor que tem uma vinha: foi plantada com videiras escolhidas, de cepas nobres, vigorosas e na encosta de uma colina, lugar ideal para que as videiras possam tomar muito sol. Os cachos, quando amadurecerem, terão a típica cor roxa, sinal de uma uva de primeira qualidade, que dará um vinho de bom paladar e forte.
O agricultor não economizou, portanto, nem trabalho nem dinheiro para a sua vinha e já sonha com a alegria que terá quando aparecerem os primeiros e maravilhosos cachos de uva.
Passam-se dois anos, chega o tempo da primeira vindima e eis que há decepção muito grande: o tão apreciado vinhedo produziu somente uva ácida, amarga, intragável.
Ele se sente como um amante traído. O seu grande amor se transforma em ódio: derruba o muro de proteção, permite que os transeuntes e os animais entrem livremente e pisem o seu vinhedo e que as ervas daninhas e os carrascais tomem conta.
Todos os pormenores desta história têm um sentido simbólico: o senhor é Deus, as videiras selecionadas são os israelitas que o Senhor foi buscar lá fora, no Egito, os frutos (a uva de boa qualidade e doce) que o senhor esperava, são as obras que Deus esperava encontrar no seu povo: a fidelidade à aliança, a justiça social, o amor ao pobre, ao órfão, à viúva. E o que, ao invés, recolheu? Pecados, infidelidade, gritos de pessoas oprimidas e exploradas, mentiras nos tribunais, ódio, derramamento se sangue, uma prática religiosa formada por cerimônias e rituais de culto, não acompanhados pela conversão do coração. De fato colheu somente uvas amargas azedas e ásperas.
Há pessoas que têm profunda convicção de ter uma fé muito sólida. O que elas produzem, porém, tem somente a aparência das obras da fé. Se forem examinadas atentamente, descobre-se que outra coisa não são senão ritualismo, exterioridade, futilidade, espetáculo. Deus executa gestos de amor e o povo responde com ritos e manifestações superficiais de religiosidade.
2ª Leitura (Flp 4,6-9)
Nos primeiros versículos de hoje (vers.6-7) Paulo afirma que nada pode destruir a paz e a alegria de um cristão, nada pode lhe causar angústia, se ele permanece unido a Deus na oração.
Na segunda parte (vers.8-9) ele apresenta uma lista de virtudes humanas que os cristãos devem cultivar na própria vida; trata-se daquelas qualidades e atitudes que no mundo inteiro são apreciadas e valorizadas. Tudo o que nos torna simpáticos, atraentes, amáveis, honrados, respeitados, deve ser cultivado por qualquer cristão. Não se pode pretender ser discípulos de Cristo se não formos também homens íntegros e respeitáveis.
A recomendação de Paulo é muito importante porque existem cristãos que se julgam “santos”, que seguem todas as regras, até as mais minuciosas da religião, mas são antipáticos, intratáveis, resmungões. Estarão eles prestando um bom testemunho da própria fé?

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