Desequilíbrio do meio ambiente e saúde planetária
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O planeta está na uti: clima fervente, vegetação queimando, aumento da dificuldade em respirar; vírus, bactérias e doenças se espalhando pelo planeta. Medidas sugeridas na Cúpula da Amazônia: há como reverter a chegada ao ponto de não retorno? Que solução esperar?

Com o avanço da crise ambiental no nível planetário percebe-se mais claramente a relação entre saúde coletiva e meio ambiente. A Cúpula da Amazônia em Belém do Pará, no início de agosto de 2023, foi, sem dúvida, um evento socioambiental de relevância histórica. Apesar das críticas, a articulação política entre as nações em prol desse bioma foi comemorada. Contudo, é necessário consolidar uma ação conjunta.

Ampliou-se a cooperação entre países da região e trataram-se importantes questões, porém as soluções práticas são ainda limitadas para reverter o processo destrutivo de desmatamento da maior floresta tropical do planeta, ameaças aos povos originários e economia predatória.

Propôs-se o desenvolvimento de uma economia sustentável baseada nos recursos naturais, enfrentamento dos crimes ambientais, do garimpo ilegal, extração ilegítima de madeira e narcotráfico. Denunciou-se a degradação provocada pelo aquecimento global e a aproximação acelerada a um ponto de não retorno da preservação da vida em nosso planeta. Nesse processo, a floresta perde sua capacidade de se autorregenerar, tendendo à desertificação. Para evitar chegar lá é urgente trabalharmos coletivamente com suporte científico e conhecimentos tradicionais.

Se a Amazônia se tornasse um deserto, haveria desequilíbrio climático e socioambiental também nas demais regiões: a agricultura, indústria e vida no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil estariam ameaçadas. Segundo a análise de diferentes organizações ambientalistas, a declaração final do evento frustrou pela falta de metas comuns sobre o fim do desmatamento e maior compromisso em relação à eliminação de combustíveis fósseis.

Ao salientar a importância de cuidar do planeta, fortifica-se indiretamente a consciência da necessidade de integrar a saúde coletiva e o meio ambiente. O clima tornou-se mais instável e ameaçador. Em muitos países, as doenças são causadas por fatores ambientais – como a falta de saneamento e a poluição do ar. O desequilíbrio planetário contribui para o aparecimento de pandemias.

Considerando-se que a saúde resulta do equilíbrio dinâmico entre o organismo e o ambiente, as alterações climáticas e a crise ecológica repercutem inevitavelmente numa crise na saúde, provocando a proliferação de doenças geradas por fatores ambientais. Recomenda-se, portanto, a identificação de vírus e bactérias, que podem provocar a próxima pandemia e a pesquisa de vacinas.

Como o efeito estufa continua crescendo e as temperaturas do planeta subindo, sublinha-se ter sido acendido um sinal vermelho indicando estarmos numa ‘estrada para o inferno’. Embora atravessemos essa estrada, minha visão espiritual revela que o contraditório processo histórico nos conduz a ‘novos céus e uma nova terra’. Muitos especialistas procuram incentivar a esperança de se evitar a catástrofe pelo reflorestamento e medidas ambientais conjuntas.

Apoio tal esperança, porém percebo que a humanidade prossegue inconsciente do perigo iminente, indiferente ao sofrimento das populações mais pobres, ameaças de guerras e processos de destruição da vida – revelando egoísmo e apetite insaciável por lucro, em particular entre líderes políticos e grandes grupos econômicos. Assim sendo, associo-me à luta por um mundo melhor e preservação da vida no planeta, mas coloco minha esperança na mensagem de Cristo sobre o projeto divino de criação de uma nova humanidade.