17º Domingo do Tempo Comum – Leituras Iniciais
Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj
1ª Leitura (I Reis 3,5.7-12)
Os últimos anos do reino de Davi foram bastante agitados: sublevações, revoltas, tentativas de tirá-lo do trono. Nas intrigas para conseguir o poder, três dos seus filhos tiveram morte violenta. As desordens continuaram até que Salomão conseguiu conquistar o reino.
Antes de iniciar o seu governo, Salomão foi até o santuário de Gabaon para oferecer um sacrifício. Durante a noite o Senhor lhe apareceu em sonhos e o convidou a pedir-lhe o que quisesse e isto lhe seria concedido. Salomão não pediu nada para si: nem riqueza, nem saúde nem a vitória contra os inimigos (vers.11). A sua preocupação era outra.
Ele se sentia muito jovem e sem experiência para governar um povo grande e numeroso. Sabia que era muito fácil, para quem governa, deixar-se corromper pelas amizades, pelas simpatias, pelos próprios sentimentos, pelos caprichos das paixões desregradas e praticar graves erros e injustiças contra o povo. Por isso pediu a Deus “um coração dócil para poder praticar a justiça em favor do seu povo e para saber distinguir o bem do mal” (vers.9).
Foi do agrado do Senhor que Salomão lhe tivesse pedido a “sabedoria para governar” e lhe concedeu “um coração sábio e inteligente como nunca existiu antes dele e não existirá jamais”.
A escolha feita por Salomão prepara a mensagem que encontraremos no Evangelho de hoje. Jesus nos convocará para fazer escolhas sábias na nossa vida e preferir o Reino de Deus a quaisquer outros bens.
2ª Leitura (Rom 8,28-30)
Todos nós temos certeza que quando Deus criou o mundo e os homens, ele tinha um projeto de amor em relação a eles. Entretanto, diante de tudo o que vemos acontecendo todos os dias, nos sentimos tentados a pensar que o plano de Deus foi irremediavelmente arruinado e que jamais conseguirá se concretizar.
As primeiras palavras da leitura são extremamente confortadoras. Revelam-nos que tudo o que acontece, mesmo os desastres, as guerras, as calamidades naturais, até os pecados. . . nada foge ao plano de Deus.
A segunda parte da leitura (vers.29-30) apresenta as etapas do caminho que conduz à salvação. Antes de tudo existe a predeterminação eterna por parte de Deus que escolhe aqueles que estão destinados a ser seus filhos. Em seguida há a chamada: através da pregação, as pessoas predestinadas são chamadas a aceitar o Evangelho de Cristo. Após a chamada vem a justificação, isto é, a transformação interior mediante o Batismo, e por fim a glorificação quando se manifesta a nova condição de filhos de Deus.
De todo esse processo, o momento que nos deixa um tanto perplexos é o primeiro: a predestinação. O que significa isso? Que Deus escolhe somente alguém e rejeita os demais?
Naturalmente somente uma parte deles poderá conhecer o Evangelho de Cristo e chegar ao Batismo, mas Deus quer que todos os demais também se salvem (I Tim 2,4).