O boulevard
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por Bernardo de Campos

Se ainda me acompanham leitores de outrora, daqueles que nas ruas me paravam para comentar uma ou outra crônica, esses pelo menos se lembrarão de quantas vezes, neste espaço, foram levantadas questões específicas de interesse coletivo.
Quer-se dizer, da opinião pessoal a respeito de decisões com repercussão para a cidade e, primacialmente, para seus habitantes.
De uns tempos para cá, nem tão longe, em mais de uma vez, a rua Floriano Peixoto esteve em foco, em reclamos meus.
Quem se lembraria do calçadão cruzado? O de se proibir passagem de veículos na Floriano, do Carmo ao Bom Jesus, conjuntamente com a Sete de Setembro. Quem viver verá algum dia o óbvio dessa providência.
Algo recente, o referendo oferecido ao povo por iniciativa do então vereador sr. Costa, em que a apuração da vontade popular revelou quase unanimidade para essa concretização e que caiu no olvido.
Na prática, esse anelo ficou sublimado, não se sabe ou se sabe e somente eu seja o desinformado do caso, o empenho deu em nada. Da mesma época, então, uma ideia (súplica) para não se estiolar a frustração, ousei propor cobrança simbólica de um ou dois reais como pedágio moderador do fluxo motorizado, nessa artéria central. Um amigo, então, preocupado pela ousadia da proposta, no dizer dele, sob o risco de ser ela vista como, senão malsã ao menos inusitada.
Finalmente a Prefeitura por si toma a peito dar um primeiríssimo passo, algo por ora bem moderado, daquilo que talvez eu nem veja, o calçadão cruzado. Surge o Boulevard, prenúncio de uma obviedade futura.
Se ainda não foi desta vez, virá o que de mais propício se afigura ao povo e aos turistas, estes e os consumidores locais, os verdadeiros sustentáculos do comércio, em quaisquer cidades.
Se estou nos jornais ituanos desde 1957, sem interrupção, até minha memória dos tempos de menino, gravou a imponência da antiga Praça Padre Miguel, adornada de sobrados vetustos.
Não sou ituano, de fato. De direito, que me neguem, se meus pais aqui aportaram quando tinha eu apenas dois anos de idade. Não menosprezo, tampouco, meu berço de origem.
A esta altura, na faixa etária sublimada, entendo da inutilidade do reclamo pelo desprezo da obra arquitetônica, como um todo da Itu posta no chão. Lamento baldado.
Existiria mote mais indicado para lamento da Itu desfigurada do que a obviedade do bordão de que águas passadas não movimentam moinho?
Sem se aperceber, o colunista se transpõe do comentário laudatório pela entrega ao uso público do boulevard, para alguns lamentos antigos que brotam na alma distraída.
Busquemos os últimos vocábulos dos quinhentos prescritos pelo jornal para redação das crônicas, como limite a possíveis menções inesperadas que provoquem e descumpram a criteriosa disciplina exigida.
Sobre futebol, pode? Isso, os jogos estão de volta. Não me incluo como simpatizante nem do Corinthians nem tampouco do Palmeiras, o que não impediu de assistirmos todos a decisão de sábado último, numa atuação maiúscula de ambos os esquadrões. Saudação a uns e outros.
Abraço particular também aos esperançosos do tricolor do Morumbi.
Amém.

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