4º Domingo do Tempo Comum – Leituras iniciais
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Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj

Sugerimos que antes de lerem estes comentários, façam as leituras na Bíblia

1ª Leitura (Sofonias 2,3; 3,12-13)
Lendo o Antigo Testamento percebe-se, de imediato, que o ideal de um israelita era a riqueza, não a pobreza. Lentamente, porém, a mentalidade muda; principalmente após a pregação dos profetas, começa-se a entender que a riqueza, mais do que uma bênção de Deus, freqüentemente é fruto de enganos, de trapaças, de exploração dos operários, de manobras escusas, de injustiça.
O profeta Sofonias vive alguns anos antes da destruição de Jerusalém, portanto, um período de caos social de político. Embora pertencendo à burguesia de Jerusalém, ele se lança contra os altos dignitários da corte do rei, contra os comerciantes, contra os ímpios (cap.1 vers.8-12) e contra Jerusalém. Afirma que o castigo de Deus é iminente. Não há, segundo ele, senão uma única possibilidade de salvação: a imediata conversão ao Senhor.
Mas o que significa “voltar ao Senhor”? Na leitura de hoje o profeta esclarece: “procurai o Senhor como todos os homens humildes da nação, procurai a justiça, a humildade” (vers.3). Converter-se, portanto, significava: ser como os “humildes”, como os “pobres”.
Pela primeira vez na Bíblia a palavra “pobre” é empregada com uma conotação nova: já não indica somente uma condição social e econômica, mas uma postura religiosa interior. Segundo Sofonias, “pobre” é aquele que, não tendo segurança alguma, confia inteiramente em Deus e se submete á sua vontade; no dia do castigo, Deus deixará sobreviver na nação “um povo humilde (pobre) e sem recursos, um resto de Israel, que buscará refúgio no nome de Javé” (vers.12-13).
Neste movimento espiritual surge a mensagem de Jesus que nos é apresentada no Evangelho de hoje.

2ª Leitura (I Coríntios 1,26-31)
Na leitura de hoje Paulo responde como fora possível para esta comunidade tão fervorosa, cair tanto? “Isto aconteceu porque os cristãos deixaram entrar o espírito devastador da competição!” Cada um procurar dominar os outros, ser superior, tornar-se “pessoa importante”, ficar “rico”. Como Deus julga a quem se comporta dessa maneira?
A leitura nos revela quais são as preferências de Deus: ele não escolhe os ricos, mas os pobres (ver definição na leitura anterior), os marginalizados, aqueles considerados sem valor por todos. Ele escolhe os pequenos, aqueles que não valem nada, para enriquecê-los com Seus dons.
Reflitamos hoje: se é assim que Deus age, por que a Igreja, às vezes se apresenta como uma sociedade poderosa, rica, competindo com os “grandes” deste mundo? Por que algumas das nossas comunidades sentem repugnância de ter como seus membros pessoas que erraram na vida, que passaram por frustrações no próprio casamento, que são de fato pobres, não só materialmente, mas também espiritualmente?