O relicário da arte barroca
Ao deixar o paroquiato de Itu, o padre Costa Aranha legou à comunidade belo conjunto de obras artísticas na igreja matriz, transformando-a em um templo riquíssimo em decoração. Serviu de artista-mestre José Patrício da Silva Manso (1786), de Sabará, pago pela irmã do pároco, Maria Francisca Vieira. Patrício pintou o forro da capela mor, as paredes laterais, púlpito e altares do arco cruzeiro; dourou o altar mor e fingiu mármore no retábulo. Deve ter sido seu aprendiz Jesuíno Francisco de Paula Gusmão, autor de algumas telas na capela mor. Quinze anos depois viria a ser o líder religioso padre Jesuíno do Monte Carmelo.
Costa Aranha, em janeiro de 1790, foi substituído por seu coadjutor, padre Francisco Xavier de Carvalho. Não foi longo este novo paroquiato, apenas três anos, mas revelou prestígio do novo padre, responsável por uma das mais ricas igrejas da diocese de São Paulo.
Imagina-se que Carvalho era português. Antes esteve na paróquia de Nossa Senhora dos Prazeres de Lages (SC), em 1786. Foi quem autorizou o batizado de dois importantes ituanos, nascidos em 1791, primos inclusive, Francisco de Paula Souza e Melo, senador do império, e D. Antonio Joaquim de Melo, bispo de São Paulo.
Padre Francisco Xavier de Carvalho deixou o paroquiato em fevereiro de 1793, mas continuou em Itu. Em 1809 tinha terras no bairro do Pedregulho, próximas ao antigo Sítio do Tanque (Fazenda Capoava). Era amigo dos poderosos Paes de Barros. Em 1795 foi padrinho no batizado do filho mais novo de Antonio de Barros Penteado e Maria Paula Machado. O menino ganhou seu nome – Francisco Xavier Paes de Barros. Irmão dos barões de Itu e Piracicaba, depois veio a ser proprietário de terras em Sorocaba.
Não se conhece registro do falecimento do padre Carvalho, mas deve ter sido em Itu.
Luís Roberto de Francisco – Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”