A construção da nova matriz
A 6 maio de 1767 D. José I, rei de Portugal, nomeou pároco da nossa matriz o padre João Manoel Machado Caldeira. Nasceu em Guarulhos, filho Manoel Siqueira Cardoso e Mariana de Vasconcelos. Só tomou posse em 15 de março de 1768.
Era doutor em cânones, em Portugal, com grande possibilidade de atuação, mas doente, sofria ataques e tinha gota. Depois ficou cego. Seu coadjutor colaborou um tanto, o padre Angelo Paes de Almeida (1734-1794), se bem que viveu algum tempo em seu sítio no Itapocu, celebrando missa na capela de Nossa Senhora da Conceição.
Acolhendo a demanda da rica sociedade local, padre Caldeira oficiou ao bispo de São Paulo, afinal a igreja matriz já estava com as paredes arruinadas e sua arquitetura “cheia de defeitos, sem majestade nem formosura”; não condizia com o fausto que se pretendia. Inclusive o documento sugeria melhor urbanização da vila. O projeto previa a ereção da matriz em um dos cantos do pátio, deixando-o livre e “sem embaraço”.
Devidamente autorizada e contando com o recurso dos mais abastados da vila, iniciou-se a construção da nova matriz. Cerca de sete anos levou a edificação, muito maior, mais alta e com capela mor enorme. O corpo da igreja, com seis altares, dois junto ao arco e outros quatro como capelas, abrigariam as irmandades: São Miguel, Nossa Senhora do Rosário, as principais. Os corredores laterais serviriam de consistório às mesmas.
A velha matriz foi, posteriormente, demolida e suas alfaias, altares, imagens e bens reaproveitados pela paróquia seja para si, para a matriz do Salto e para as demais capelas.
A construção da igreja deveu-se aos esforços do padre João Leite Ferraz de Arruda (1730-1806), riquíssimo agricultor, que não exerceu paroquiato dada a frágil saúde. Padre Machado Caldeira renunciou em 1777 e morreu cego em 1793.
Luís Roberto de Francisco – Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”