Um pároco zeloso com os pobres
Vindo de Portugal para a colônia, o padre Antonio de Medeiros Pereira esteve na igreja matriz de Itu por sete anos, inicialmente como coadjutor. A morte repentina de seu antecessor o fez assumir provisoriamente (julho de 1756). Até então era vigário da vara e visitador eclesiástico, funções administrativas apenas.
Nasceu na freguesia de Santa Maria Madalena das Alturas de Barroso, comarca de Chaves, Arcebispado de Braga. Depois de ordenado serviu em sua terra, mas em 14 de outubro de 1744 pediu para deixá-la e vir ao Brasil. Serviu como pároco em Paranaguá e Itanhaém.
Até 1760 a sua nomeação em Itu não se efetivava. Em 11 de março oficiou ao Conselho Ultramarino solicitando a provisão. Sem ordens definitivas, não podia tomar o ofício com regularidade.
Como seu substituto na vigaria da vara esteve o padre Felipe Machado de Campos, falecido em 17 de junho de 1758.
Em seu paroquiato se deu o nefasto episódio da prisão de dois jesuítas missionários, do colégio de São Paulo (1759). Os padres Bento Soares e Fabião Gonçalves pregavam na igreja do Bom Jesus quando foram alvo do decreto do Marquês de Pombal, pelo qual estavam expulsos do Brasil todos os membros da Companhia de Jesus.
Mesmo assim, um decreto real de 1762 determinou que São Francisco de Bórgia (jesuíta) fosse considerado protetor do Reino contra as tormentas e que sua festa fosse celebrada com toda a pompa nas igrejas paroquiais. Assim, a 10 de outubro, o padre Pereira cantou solene missa na igreja matriz, tendo por pregador um dos frades do Convento Franciscano.
Exatamente um ano depois, a 10 de outubro de 1763 faleceu o pároco, aos 45 anos. Foi sepultado na igreja matriz. Zeloso com os pobres, deixou a eles 250$000 além de 40$000 para as festas da semana santa.
Luís Roberto de Francisco – Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”