O pároco e a demanda com os músicos
Padre João de Matos Monteiro vivia em Lisboa quando, a 14 de setembro de 1748 recebeu nomeação para suceder o Padre Miguel Ferreira. Este, adoentado, faleceu em 28 de julho de 1750. Padre Monteiro só chegou a Itu em março de 1749. Ficou no cargo até morrer (julho de 1755). Nesse tempo serviu-lhe de coadjutor o padre Manuel de Arruda e Sá.
Sem propriedade na vila, optou morar no Convento de São Luís de Tolosa e ali quis ser sepultado. Inclusive deixou seus bens à comunidade franciscana. Talvez o atraísse o ambiente cultural dos religiosos.
Durante seu paroquiato deu-se uma questão envolvendo os músicos de Itu. O bispo do Rio de Janeiro nomeara Mestre de Capela Francisco Vaz Teixeira, que ficou responsável pelo serviço da música sacra na paróquia: tocar, cantar, ensaiar, reger, ensinar e, se possível, compor. Em 1745, porém, foi criada a Diocese de São Paulo, à qual a paróquia passou a pertencer. O novo bispo, Dom Bernardo Rodrigues Nogueira, determinou o “estanco” da música, ou seja, concedeu o monopólio do serviço ao mestre, mediante uma contribuição à diocese pela distinção. Considerou que assim estava organizando melhor a atividade. O Mestre de Capela exultou, afinal teria todo o serviço da música para si, contratado pelas irmandades, pelo Estado e particulares. Os demais músicos ituanos, inconformados com a falta de trabalho, porém, solicitaram interferência da Câmara Municipal.
Os edis reclamaram ao bispo, mas sem sucesso. Recorreram à Mesa de Consciência e Ordens da Coroa portuguesa, inclusive acusando Francisco Teixeira de incompetência para o cargo. Depois de diversos ofícios, ouvidas as partes, em 1752, o caso foi resolvido com o cancelamento do monopólio. Demorou tanto que o bispo já havia até falecido.
Padre João Monteiro, na igreja matriz, foi tentando mediar os conflitos.
Luís Roberto de Francisco – Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”